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26/10/22 às 12h04 - Atualizado em 17/05/23 às 15h10

Violência contra a mulher vira peça de teatro em projeto escolar premiado

Iniciativa da Companhia de Teatro do Elefante Branco ficou em 1º lugar em concurso do Tribunal de Justiça do DF

Tainá Morais, Ascom/SEEDF

 

Alunos encenam histórias cotidianas e reais de mulheres e famílias que passaram por algum tipo de violência | Foto: Álvaro Henrique, Ascom/SEEDF

 

Para alertar colegas e a comunidade sobre a violência contra mulher, alunos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) transformam cenas cotidianas desse tipo de agressão em peças de teatro. A prática levou a escola da rede pública de ensino do Distrito Federal a ganhar, em primeiro lugar, a 3ª edição do Concurso de Seleção de Práticas Inovadoras do Programa Maria da Penha Vai à Escola, do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do DF.

 

Na ocasião, o Tribunal premiou projetos de seis escolas públicas que foram desenvolvidos por alunos, professores e gestores das instituições escolares que abraçaram a causa. Na iniciativa vencedora, histórias cotidianas e reais de mulheres e famílias que passaram por algum tipo de violência no dia a dia são abordadas em peças teatrais.

 

Durante o espetáculo, o público participa e pode recriar as cenas de violência. Os atores “congelam” a cena instantes antes do episódio e a platéia pode interferir e mudar toda a história. A prática é utilizada em todas as peças encenadas pelos alunos da companhia de teatro do Cemeb.

 

A escola ganhou o concurso do TJDFT com a peça O Teatro do Oprimido e a Educação em Direitos Humanos, de Augusto Boal com situações sociais factíveis, onde existe o opressor e o Oprimido. Criado pelo teatrólogo brasileiro, nos anos 70, a obra busca não apenas conhecer a realidade, mas a transformação da sociedade no sentido da libertação dos oprimidos. O espetáculo contou com a participação de 1.600 estudantes da instituição, sendo 36 alunos como atores e os demais como platéia.

 

O professor Marcello D’Lucas foi o idealizador da companhia de teatro do Cemeb | Foto: Álvaro Henrique, Ascom/SEEDF

Para o idealizador da companhia de teatro do Cemeb, Marcello D’Lucas, o teatro é uma ferramenta política. “Trazer esses temas para a cena, para o teatro e também para a vivência da escola é uma forma de jogar a luz, promover uma reflexão que leva os alunos à mudança de paradigmas e até mesmo mudança de posturas erradas que tenham sido adotadas por eles”, afirma.

 

A iniciativa já transformou a vida dos estudantes que participam das encenações e passaram ou presenciaram alguma situação de violência. “Eu sou uma pessoa que não consegue se abrir para os outros e guardo tudo para mim. Esse projeto tem sido uma terapia, principalmente este que representa situações delicadas e intensas”, explica Maria Eduarda Oliveira, 17 anos, aluna e atriz da instituição de ensino.

 

Prêmios

 

As escolas vencedoras foram premiadas com placas alusivas ao prêmio e os alunos e professores com aparelhos de celular, kindles, além de caixas surpresa contendo livros sobre a Lei Maria da Penha para compor o acervo das instituições.

 

Acredito que a premiação representa para nós um reconhecimento sobre tudo o que foi feito. É uma forma de atestar que fizemos uma boa escolha e nos entregamos com total dedicação durante dois meses de ensaio. Tenho orgulho desses meninos, pois tiveram total comprometimento em realizar algo grandioso e representativo para a sociedade”, destaca o idealizador da cia de teatro do colégio.

 

A companhia de teatro foi criada em 2018 no Cemeb, como atividade extracurricular. Desde então, Marcello construiu um roteiro com várias peças que já foram finalistas e premiadas durante dois anos consecutivos no prêmio Arte na Escola Cidadã.

 

A iniciativa já transformou a vida dos estudantes que participam das encenações | Foto: Álvaro Henrique, Ascom/SEEDF

 

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