Iniciativa da Companhia de Teatro do Elefante Branco ficou em 1º lugar em concurso do Tribunal de Justiça do DF
Tainá Morais, Ascom/SEEDF
Para alertar colegas e a comunidade sobre a violência contra mulher, alunos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) transformam cenas cotidianas desse tipo de agressão em peças de teatro. A prática levou a escola da rede pública de ensino do Distrito Federal a ganhar, em primeiro lugar, a 3ª edição do Concurso de Seleção de Práticas Inovadoras do Programa Maria da Penha Vai à Escola, do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do DF.
Na ocasião, o Tribunal premiou projetos de seis escolas públicas que foram desenvolvidos por alunos, professores e gestores das instituições escolares que abraçaram a causa. Na iniciativa vencedora, histórias cotidianas e reais de mulheres e famílias que passaram por algum tipo de violência no dia a dia são abordadas em peças teatrais.
Durante o espetáculo, o público participa e pode recriar as cenas de violência. Os atores “congelam” a cena instantes antes do episódio e a platéia pode interferir e mudar toda a história. A prática é utilizada em todas as peças encenadas pelos alunos da companhia de teatro do Cemeb.
A escola ganhou o concurso do TJDFT com a peça O Teatro do Oprimido e a Educação em Direitos Humanos, de Augusto Boal com situações sociais factíveis, onde existe o opressor e o Oprimido. Criado pelo teatrólogo brasileiro, nos anos 70, a obra busca não apenas conhecer a realidade, mas a transformação da sociedade no sentido da libertação dos oprimidos. O espetáculo contou com a participação de 1.600 estudantes da instituição, sendo 36 alunos como atores e os demais como platéia.
Para o idealizador da companhia de teatro do Cemeb, Marcello D’Lucas, o teatro é uma ferramenta política. “Trazer esses temas para a cena, para o teatro e também para a vivência da escola é uma forma de jogar a luz, promover uma reflexão que leva os alunos à mudança de paradigmas e até mesmo mudança de posturas erradas que tenham sido adotadas por eles”, afirma.
A iniciativa já transformou a vida dos estudantes que participam das encenações e passaram ou presenciaram alguma situação de violência. “Eu sou uma pessoa que não consegue se abrir para os outros e guardo tudo para mim. Esse projeto tem sido uma terapia, principalmente este que representa situações delicadas e intensas”, explica Maria Eduarda Oliveira, 17 anos, aluna e atriz da instituição de ensino.
Prêmios
As escolas vencedoras foram premiadas com placas alusivas ao prêmio e os alunos e professores com aparelhos de celular, kindles, além de caixas surpresa contendo livros sobre a Lei Maria da Penha para compor o acervo das instituições.
“Acredito que a premiação representa para nós um reconhecimento sobre tudo o que foi feito. É uma forma de atestar que fizemos uma boa escolha e nos entregamos com total dedicação durante dois meses de ensaio. Tenho orgulho desses meninos, pois tiveram total comprometimento em realizar algo grandioso e representativo para a sociedade”, destaca o idealizador da cia de teatro do colégio.
A companhia de teatro foi criada em 2018 no Cemeb, como atividade extracurricular. Desde então, Marcello construiu um roteiro com várias peças que já foram finalistas e premiadas durante dois anos consecutivos no prêmio Arte na Escola Cidadã.