Indicado ao Global Teacher Prize, o Nobel da Educação, projeto RAP será ampliado e ganha versão virtual na pandemia
Por Aldenora Moraes | Ascom/SEEDF
Há mais de 12 anos, a professora e gerente de Acompanhamento da Socioeducação, Daniela Gomes, encontrou seu propósito de vida. “A maior parte da minha trajetória profissional tem sido na socioeducação. Tenho atuado desde o antigo Centro de Atendimento Juvenil Especializado (CAJE) por acreditar que a educação transforma vidas”, afirma.
A socioeducação é a oferta de escolarização aos adolescentes autores de atos infracionais, de 12 a 18 anos de idade, que estão cumprindo medida socioeducativa. As ações pedagógicas são desenvolvidas por professores da rede pública de ensino nas oito unidades de internação do DF.
No episódio desta semana do Podcast EducaDF conversamos sobre a socioeducação. Os adolescentes autores de atos infracionais recebem escolarização da alfabetização ao ensino médio nas unidades de internação e participam de projetos como o Ressocialização, Autonomia e Protagonismo (RAP), que foi indicado ao Nobel da Educação. Confira o podcast nas plataformas de áudio.
O sistema socioeducativo é uma importante conquista na atenção e intervenção com esses estudantes, pois proporciona meios para os adolescentes construírem novos projetos de vida. Diferencia-se da educação para o sistema prisional, que possui outra organização pedagógica e é oferecida aos adultos que praticaram crimes.
Uma escola em cada unidade de internação
De acordo com Daniela, além das unidades terem casos de sucesso, como adolescentes aprovados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a existência de uma unidade de internação feminina no Gama é um dos avanços mais recentes. “Essas meninas ficavam em unidades mistas e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza que haja unidades exclusivamente femininas para que sejam atendidas de maneira diferenciada”, explica.
Entre versos e rimas
Além de Daniela, outros professores descobriram sua paixão pela socioeducação. O professor de História Francisco Celso desenvolve, na Unidade de Internação de Santa Maria (UISM), o projeto que o tornou conhecido mundialmente. Ele foi finalista do prêmio Global Teacher Prize, o Nobel da Educação, com o projeto RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo).
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Segundo Celso, “o nome do projeto, que é realizado desde 2015, é uma alusão ao gênero musical e utiliza a linguagem poética do rap para o aprendizado. Tive a sensibilidade de perceber a potência desses estudantes e contribuí para que fosse amplificada”, afirma.
Para fazer parte dos 50 selecionados que disputavam o Nobel, Francisco Celso concorreu com, aproximadamente, 12 mil inscritos de mais de 140 países e não parou por aí. O projeto também venceu o Prêmio local do Itaú Unicef 2017 e em 2018, ganhou o Itaú Unicef etapa local e nacional. Em 2019 venceu o Selo de Práticas Inovadoras na Educação e, em 2020, o Prêmio Cultura Brasília 60.
Com a pandemia, a iniciativa precisou passar por uma adaptação para o on-line. Mas a notícia precisa ser comemorada. “O projeto será implementado em todos os Núcleos de Ensino das Unidades de Internação Socioeducativas do DF”, destaca Francisco Celso.
Artesão do tempo
Na terça (27), entretanto, o projeto perdeu uma das parcerias mais produtivas. O DJ e educador Sandrox faleceu em decorrência da Covid-19. Seu legado permanece e incita à reflexão, como nos versos do rap Artesão do tempo, composto pelo artista: “nem sempre temos todo o tempo do mundo, às vezes a eternidade dura apenas um segundo”.
Confira o andamento do projeto nas redes sociais: