Projeto da Regional de Ensino do Gama oferece terapia contra ansiedade, depressão e luto surgidos na crise do coronavírus
Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
O professor Pedro*, que ensina ciências na rede pública, se adaptou rapidamente ao sistema de ensino remoto, fez cursos sobre a plataforma virtual, mas dois familiares adoeceram simultaneamente. “Tive que lidar com muitas mudanças, passei a sentir o coração acelerado, tontura e náusea, sempre que ia dar aula”, relata o professor. Ao buscar um psiquiatra, foi diagnosticado com ansiedade e passou a fazer terapia. “Acreditei que daria conta de tudo sozinho e não compreendia os sintomas. Demorei a procurar ajuda, mas funcionou”, conta.
O impacto do isolamento social provocou mudanças nas práticas pedagógicas e teve consequências para a saúde mental. Em resposta a isso, a coordenação regional de ensino do Gama (CRE Gama) adaptou um projeto que existia desde 2018 em parceria com a Secretaria de Saúde (SES) e trouxe as Rodas de Terapia Comunitária Virtual, que já beneficiaram 42 escolas e cerca de 2,1 mil professores.
O novo projeto e a saúde mental na comunidade escolar durante a pandemia são o tema do podcast desta semana do canal EducaDF, disponível nas plataformas de áudio no nosso site.
“Criamos o Espaço Olhar, que inicialmente, acolhia estudantes e professores e oferecia acupuntura, Reiki e quiropraxia. Nos ajustamos à pandemia, os encontros passaram a ser virtuais e promovemos conversas coletivas sobre os dilemas vivenciados e as alegrias do cotidiano. Além de exercícios de respiração, de relaxamento e automassagem”, explica Francisca Beleza, assessora pedagógica da CRE Gama.
A psicóloga da Secretaria de Saúde, Doralice Oliveira, que coordena as sessões, reafirmou a importância da campanha Janeiro Branco para conscientizar sobre a saúde mental. “A dor nas emoções ainda é vista com preconceito. Como não é algo visível, tendemos a não dar importância. No entanto, essa percepção está mudando, prova disso é que o tema da redação do Enem, deste ano, tratou do estigma quanto às doenças mentais”, diz Doralice.
Durante as mediações, a psicóloga observou que as principais queixas dos professores revelavam ansiedade, insônia e sofrimento psíquico, inclusive o luto em relação aos parentes que faleceram. Segundo Doralice, deve-se “buscar ajuda, falar sobre as inquietações e praticar o autocuidado”, ensina.
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*O nome foi modificado a pedido do professor.