Paraíba, Distrito Federal e Minas Gerais ofereceram as soluções mais amplas e ágeis, diz pesquisa da FGV
Cláudia Diegues – Ascom/SEEDF
Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas atribuiu à rede pública do Distrito Federal a segunda maior nota do país — atrás apenas da Paraíba — na resposta da educação pública à pandemia de covid-19. Numa escala de zero a dez, a maior nota obtida foi 6. O DF ficou com 5,9, mais do que o dobro da média nacional de 2,38.
A pesquisa formulou variáveis para medir a amplitude da cobertura e a agilidade na implementação do ensino remoto. “O ano de 2020 foi o maior desafio da história da educação. Saiu tudo exatamente como deveria? Claro que não. Houve prejuízo ao aprendizado? Claro que sim, é preciso reconhecer essas coisas. Mas aqui no DF, a rede pública de ensino fez um esforço gigantesco para manter os estudantes envolvidos no processo pedagógico. Eu tenho certeza que a nossa resposta, dos nossos professores, diretores, assistentes, coordenadores regionais, dos técnicos na sede, foi uma das melhores do país”, comenta o secretário de Educação, Leandro Cruz.
Clique para conhecer a íntegra da pesquisa da FGV.
Intitulada “Uma avaliação dos programas de educação pública remota dos estados e capitais brasileiros durante a pandemia do COVID-19”, a pesquisa é assinada por Lorena Barberia, Luiz Cantarelli e Pedro Henrique Schmalz, todos do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo.
Eles analisaram os programas das 27 unidades federativas brasileiras e de todas as 26 capitais estaduais, de março a outubro de 2020. Os indicadores utilizados na análise como componentes para a criação do Índice de Educação à Distância (EAD) tiveram o objetivo de medir a qualidade dos programas estabelecidos em cada local.
Estudo remoto no Distrito Federal
O ano letivo de 2020 começou em 10 de fevereiro e foi interrompido em 12 de março, pelo motivo da pandemia do novo coronavírus. As atividades escolares foram retomadas oficialmente em 13 de julho, de forma remota, e concluídas em 28 de janeiro do corrente ano.
Durante os meses de abril e junho, período que não valeu presença, as estratégias para o retorno das aulas começaram a ser testadas, e a Secretaria de Educação buscou se aprofundar no engajamento dos estudantes.
“O tempo foi curto para adequar a estrutura de ensino a um modelo totalmente novo. No entanto, o trabalho realizado pela Secretaria até que as ações fossem colocadas em prática foi feito com a agilidade necessária para garantir sucesso do andamento das aulas”, diz o secretário Executivo da Secretaria de Educação, Fábio de Sousa.
Por três meses, foram veiculadas teleaulas, por meio de uma parceria com a TV Justiça, que possibilitou aulas em três emissoras de televisão. Já em abril, a plataforma Google Sala de Aula entrou no ar, primeiro para o ensino médio e logo após para o fundamental.
A Secretaria trabalhou para que ninguém fosse excluído, e, assim, em setembro o órgão começou a fornecer os pacotes de dados gratuitos para acesso à plataforma, via aplicativo Escola em Casa DF.
Os chips para dispositivos móveis puderam ser comprados com o recurso do programa Cartão Material Escolar. Além disto, estudantes sem acesso à internet ou equipamentos tecnológicos receberam material impresso – no primeiro momento, direto na escola e, posteriormente, em suas casas.
A plataforma inscreveu 470 mil estudantes e 72 mil profissionais da educação. Só de acessos, desde o início do funcionamento, foram 17,5 milhões por parte de estudantes e outros 3,6 milhões de professores. O número de postagens também foi expressivo: 11,4 milhões de estudantes e 400 mil de professores
Contribuições da pesquisa
O estudo realizado pela FGV apresenta três importantes contribuições. Em primeiro lugar, a velocidade e qualidade dos programas estabelecidos por cada estado ou capital variou consideravelmente entre as regiões. Em alguns locais foram adotados planos de maneira conjunta ao fechamento das escolas, e em outros um tempo maior para qualquer ação foi verificado. Também foi detectado que em algumas regiões, os estudantes não receberam qualquer tipo de plano de ensino remoto por parte do governo.
Além disso, a pesquisa aferiu que a maioria dos programas apresentados para retomar as atividades escolares na pandemia foi estabelecido com pouca ou nenhuma preocupação com o acesso às aulas e com a supervisão dos alunos.
A terceira contribuição da pesquisa mostra que poucos programas tiveram a iniciativa de reduzir ou aliviar o impacto da pandemia e do fechamento de escolas sobre as populações mais vulneráveis.
Metodologia da pesquisa
Para chegar às notas de cada estado e do DF, foram considerados quatro componentes. O primeiro a ser pesquisado foram os meios de transmissão, levando em conta canais utilizados para oferecer aulas a distância, vídeos ou conteúdo educacional aos estudantes, como rádio, televisão ou internet.
As formas de acesso disponibilizadas para estudantes e professores às aulas e aos conteúdos, como celulares, tablets, apostilas ou quaisquer meios de subsídio à internet foram analisadas como segundo quesito.
Também entrou na contabilização da nota — terceiro item da pesquisa — a supervisão dos alunos, que verifica a responsabilidade de garantir a frequência dos estudantes nas aulas, além do monitoramento das atividades propostas.
E por último, a cobertura também foi analisada, que são os níveis educacionais atendidos, como infantil, fundamental e médio ou Educação de Jovens e Adultos (EJA).