Projeto da EC 5 de Brazlândia foi reconhecido como prática pedagógica exitosa do DF. Lá, aprender a ler é divertido
Da Agência Brasília
A importância do ensino e da aprendizagem se estabeleceu oficialmente no calendário do país em 14 de novembro de 1966, quando foi instituído, por meio de decreto, o Dia Nacional da Alfabetização. Nesta terça-feira, que marca os 57 anos da data, o Distrito Federal comemora conquistas na área. Na Escola Classe 5 de Brazlândia, os alunos aprendem a ler de forma divertida. Cada um a seu tempo. Há 2 anos, a escola coloca em prática um projeto reconhecido como prática pedagógica exitosa do DF.
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❝Não existe um método específico de alfabetização, o importante é alfabetizar todos e garantir a autonomia das crianças para aprender em sua trajetória escolar ❞ Ana Carolina Tavares, diretora de Ensino Fundamental da SEEDF
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Com o projeto “Reagrupando, contando e encantando”, os alunos da educação infantil até o quinto ano, são divididos por níveis de acordo com a escrita. Cada grupo tem um incentivo diferente para permitir que as crianças aprendam a ler. Cada professor trabalha com atividades lúdicas para que aquele grupo avance de nível. O objetivo é alfabetizar os menores e consolidar a alfabetização dos maiores.
São 474 alunos entre 6 e 10 anos. O reagrupamento é uma estratégia pedagógica que consta nas Diretrizes Pedagógicas para Organização Escolar. O programa engloba do nível pré-silábico ao alfabético, mas atende especificamente o foco da alfabetização, do primeiro ao quinto ano.
“É de suma importância a alfabetização para as crianças estarem ocorrendo de forma efetiva dentro do âmbito escolar; então o Dia Nacional da Alfabetização, para a gente, é um dia incrível. É onde a gente vai verificar realmente se o nosso trabalho feito com amor e dedicação consegue atingir o objetivo que é alfabetizar a todos de forma concreta”, ressalta a diretora da Escola Classe 5 de Brazlândia, Poliane Pereira dos Santos de Sousa.
O aluno José Roberto da Silva Paulino, de 11 anos, participa do programa desde o início do quinto ano. Ele afirma que já consegue reescrever uma história inteira e que a atividade de que mais gosta ocorre quando jogam ou recontam uma história.
“Eu acho que é muito mais fácil, porque saí do quarto ano e a gente ainda não tinha essa capacidade de escrever, fazer texto, essas coisas. Agora já estamos bem melhor escrevendo. A gente estuda muito, faz tarefas, brinca, tem jogos, muitas atividades. Eu acho muito importante, porque, se eu crescer e eu não souber ler e nem escrever, não vou conseguir ter um emprego bom e não vou conseguir dar sustento à minha família, que um dia eu quero ter”, conta José.
Já o sonho de Anna Elisa de Moura Antunes, 10, é ser professora. “Eu gosto muito de aprender, ajudo também o pessoal, temos texto e dever escrito. A gente reconta as histórias, dá para o professor e ele fala se está bom ou não. Gostei de recontar a história do grande morango e a do saci. Os meus amigos também gostam”, acrescenta a pequena.
A secretária escolar Aparecida Evangelista de Oliveira é mãe de Aline, uma das alunas do terceiro ano do ensino fundamental que participa do programa Reagrupando. Segundo ela, como as crianças que têm muita dificuldade são separadas por nível, o fato de estarem em um patamar compatível contribui para que obtenham um rendimento melhor.
“A Aline veio da pandemia já com muita dificuldade, chegou ao terceiro ano muito fraca. O trabalho de reagrupamento ajudou bastante, ela melhorou a escrita e a leitura. Foi tudo feito de forma muito lúdica na escola, além de colocar os alunos que têm mais dificuldades com outro professor que esteja no nível em que ela está. Acredito que tem dado um bom resultado, o governo tem desempenhado o trabalho dele”, declara a mãe.
De acordo com a pedagoga Joelma das Graças Santana, que atua no ensino fundamental em Brazlândia, o objetivo, com esse projeto, é avançar as crianças na aprendizagem e melhorar o desempenho, leitura, escrita e o letramento, respeitando o ritmo de cada aluno.
“Esse projeto é uma maneira divertida de trabalhar alfabetização. Nós também trabalhamos com a comunidade em reconhecer, valorizar as profissões, o lugar em que moram, aquilo que a gente cultiva, então é um projeto que vai além dos muros da escola. A gente trabalha com a questão do cidadão. Temos colhido muitos frutos, com toda a comunidade escolar envolvida. Desde a portaria até a cantina, todo mundo participa, todo mundo sabe quando é dia de reagrupamento”, ressalta.
No caso das demais crianças atendidas pela rede pública de ensino, a alfabetização é efetivada com as diretrizes do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), instituído em 2014. A política organiza o ato de ler, escrever e interpretar nos três primeiros anos do ensino fundamental, tendo o primeiro ano dedicado às questões relacionadas à alfabetização, o segundo ano com o aprofundamento do que foi aprendido e terceiro ano destinado à consolidação da habilidade.
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De acordo com a diretora de Ensino Fundamental da SEEDF, Ana Carolina Tavares, a alfabetização é um processo em que cada criança aprende no seu tempo. “Não existe um método específico de alfabetização, o importante é alfabetizar todos e garantir a autonomia das crianças para aprender em sua trajetória escolar. Para isso, pensamos no Alfaletrando como uma política pública consolidada. A gente considera importante a realização dessas práticas diferenciadas nas escolas na perspectiva de valorizar o protagonismo dos nossos profissionais e dos nossos estudantes, especialmente após o período pandêmico”, explica Ana.