Docentes serão multiplicadores de técnica aprovada pelo SUS
Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira
Cerca de 30 professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) vão receber, na terça-feira (28), o diploma de especialização em Terapia Comunitária Integrativa (TCI), em parceria com a Secretaria de Saúde (SES-DF) e a Universidade de Brasília (UnB). Essa é a primeira turma de docentes formados na prática integrativa de saúde que tem melhorado a qualidade de vida dos profissionais da Regional de Ensino do Gama e estudantes da cidade.
A terapia comunitária envolve o cuidado com a saúde mental em grupo, por meio da troca de experiências entre os participantes. Reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma estratégia psicossocial, essa prática visa estabelecer redes sociais solidárias e promover o bem-estar mental. No DF, diversos grupos de suporte se reúnem regularmente para discutir desafios enfrentados e colaborar na busca por soluções coletivas.
Com 240 horas de aulas, os professores e orientadores educacionais foram capacitados para desenvolver a terapia na comunidade escolar, envolvendo pais e alunos. “Eles aprenderam sobre a terapia comunitária na teoria e na prática, em como realizar as rodas comunitárias, dentro de um curso terapêutico. São profissionais que vão lidar com as dores do outro, então é necessário ter recursos para lidar com suas próprias dores”, conta a psicóloga e Referência Técnica Distrital de TCI da SES-DF e professora do curso, Doralice Oliveira.
Disciplinas como teoria da comunicação, antropologia, fundamentação teórica, mediação de diálogos, saúde comunitária, política nacional de saúde, estão presentes na grade curricular. Os alunos também participaram de workshop sobre outras práticas integrativas de saúde, reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como reiki, ayurveda, mosaicoterapia e tai chi chuan.
A psicóloga destaca a importância da formação dos professores nas práticas integrativas, em especial, pela proximidade dos profissionais com os estudantes e com a comunidade. “Existe uma convivência diária, o professor já é uma referência entre os alunos, e, às vezes, os professores escutam os problemas dos alunos, mas não sabem o que fazer. Com a formação, os educadores poderão atuar no ambiente com o foco na saúde mental, da ordem do sofrimento e não da patologia, questões que podem ser resolvidas dentro do ambiente escolar, de maneira preventiva”, diz Doralice.
Ao final, os professores da SEEDF recebem um certificado de extensão universitária pela UnB e no estágio supervisionado levaram as rodas de terapia comunitária para os estudantes e responsáveis. Ao todo, o grupo de educadores fez mais de 900 rodas ao término do curso.
A professora de história do Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama e agora terapeuta comunitária integrativa, Shirley Patrocínio destaca a relevância da capacitação e das terapias comunitárias com a comunidade escolar.
“Vejo a iniciativa como muito positiva, e desafiadora para nós professores. O cuidar do adolescente não é somente papel da saúde, mas também da escola. Realizo a roda com os alunos do CEM 01 há um ano e já tivemos assuntos desafiadores que volto para casa questionando o meu papel. Nos cursos, aprendemos esse autocontrole e tento passar para os alunos, todos temos desafios, o que devemos é criar mecanismos para lidar com eles”, relata a recém-formada.