Delegação de pelo menos 200 representantes da América Latina e Caribe visitou escolas públicas do DF
Ícaro Henrique, Ascom/SEEDF
Representantes de mais de 20 países da América Latina e Caribe e da Organização das Nações Unidas (ONU) visitaram cinco escolas públicas do DF na manhã desta quinta-feira (31). Eles estão na capital para debater as recentes crises globais e suas consequências, entre elas a fome para as populações vulneráveis, e estiveram nas escolas para conhecer de perto a aplicação local do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), que é referência internacional.
A delegação, de mais de 200 pessoas entre ministros de governo, representantes de instituições financeiras internacionais e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) foi dividida em cinco grupos que visitou cinco escolas diferentes: duas na Coordenação Regional do Núcleo Bandeirante, uma no Plano Piloto e duas em São Sebastião.
No Centro Educacional Infantil (CEI) 03 de São Sebastião, o grupo foi recepcionado pela diretora de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação do DF, Juliene Moura, e pelos alunos que prepararam uma apresentação musical sobre a importância dos alimentos. A delegação também fez uma visita guiada até a horta da escola e acompanhou o almoço do dia, cujo cardápio foi arroz, frango e salada.
“A nossa escola é referência em São Sebastião com propostas diferenciadas que fomentam o interesse dos alunos por uma alimentação mais saudável. Nós temos projeto de horta, que tem a participação ativa deles na plantação, eles estudam sobre os alimentos, então ficamos felizes em receber o comitê e saber que o nosso trabalho poderá ser visto e serve como fonte de inspiração por países afora”, conta a diretora do CEI 03, Vanda Aparecida Aguiar.
A delegação de visitantes do CEI 03 contou com a presença de representantes de pelo menos nove nações, sendo elas: Barbados, Belice, Finlândia, Dominica, Haiti, Jamaica, Saint Vicent & The Grenadines, Suriname e Guyana. Financiado pelo Fundo Nacional de Educação (FNDE), o PNAE é uma política pública que tem o objetivo de proporcionar a oferta de alimentação adequada e saudável aos estudantes, considerando as diversidades e buscando garantir a proteção de direitos que preconizam a redução das desigualdades.
“O PNAE é uma referência para o mundo e o Distrito Federal sai na frente porque consegue ofertar alimentos saudáveis, orgânicos e de qualidade para os alunos. Nós temos o apoio forte da Secretaria de Agricultura e da Emater para organizar os agricultores familiares. Conseguimos diariamente ofertar frutas e verduras frescas provenientes da agricultura familiar”, destaca Juliene Moura.
Durante a roda de conversa, proposta pela Diretoria de Alimentação Escolar da SEEDF, foi apresentado aos representantes os processos de planejamento e execução da Alimentação Escolar e as estratégias de compra dos alimentos produzidos pela agricultura familiar, que é o grande diferencial do Programa de Alimentação Escolar do Distrito Federal (PAE-DF).
Para Daniel Balaban, diretor e representante do PMA da ONU no Brasil, a visita da delegação às escolas é importante pois abrange a logística do programa desde a importância do governo durante o processo, o apoio de instituições parceiras até as famílias através da agricultura familiar.
“É importante que esses representantes entendam como que essas crianças são tratadas, o que elas comem de fato e como os recursos são utilizados na compra dos pequenos agricultores familiares”, explicou. Além da visita às escolas, a delegação conheceu famílias de agricultores. “Eles foram a campo, conheceram as plantações para entender como funciona o processo de produção, colheita e a distribuição dos alimentos para as escolas”, concluiu.
Os líderes também estiveram na Escola Classe Kanegae, escola rural na Colônia Agrícola do Riacho Fundo I; na Escola Parque Natureza no Núcleo Bandeirante, na Escola Parque da 313/314 Sul e na Escola Classe Vila Nova, na Vila São José, de São Sebastião.
A reunião de alto nível dos líderes da América Latina e Caribe pretende criar um espaço propício para que países de toda a região impulsionem abordagens multissetoriais que conectem educação, segurança alimentar e nutrição, usando a alimentação escolar e os sistemas de proteção social.
A região está lidando com crises múltiplas e interligadas, com choques climáticos, desafios migratórios complexos, uma lenta recuperação da pandemia e endividamento da população, além do efeito cascata da crise na Ucrânia.
As consequências são arrasadoras para milhões de pessoas vulneráveis na América Latina e no Caribe, que enfrentam perdas de emprego, redução da renda e piora dos padrões de vida. Na região, 133 milhões de pessoas não podem pagar por uma dieta saudável, que é a mais cara do mundo. Mais de 118 milhões de meninas e meninos correm o risco de abandonar a escola ou não aprender.