Falta muito pouco para que Danilo Ricardo Rodrigues e Melissa Collen Vilas Boas, ambos de 17 anos, finalmente realizem o sonho de conhecer os Estados Unidos. Os estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal têm em comum fluência e paixão pelo idioma inglês, mas também bom desempenho escolar, proatividade, perfil de liderança, engajamento social e a capacidade de não limitar sonhos e traduzi-los do português para o inglês e vice-versa. Danilo, por exemplo, quer ser médico para atender em todas as línguas e a quem mais precisa, como refugiados e imigrantes; Melissa pretende utilizar a segunda língua para as letras, as artes ou ganhar o mundo com as relações diplomáticas.
Essas características de jovens engajados e sonhadores são exatamente aquelas exigidas pelo Programa Jovens Embaixadores, da Embaixada dos Estados Unidos, que envia, todos os anos, estudantes brasileiros de 15 a 18 anos e com perfis semelhantes aos de Melissa e Danilo, para vivenciarem a cultura americana. Neste ano, mais um grupo de 50 estudantes selecionados embarca para lá. A viagem será apenas na sexta-feira (8), mas desde segunda (4) eles cumprem agenda em Brasília para os últimos acertos antes do check-in – uma espécie de “esquenta” para que tudo ocorra bem, enquanto sobra energia e empolgação.
Na tarde desta quarta-feira (6), o secretário de Educação, Esporte e Lazer do Distrito Federal, Júlio Gregório Filho, que também é o representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), parceiro do programa, visitou os meninos na Embaixada dos Estados Unidos. Gregório lembrou da seleção rigorosa e da importância de um programa desta natureza. “Em todo o Brasil, foram 13,8 mil inscritos, 517 apenas no Distrito Federal, tamanha a procura e importância desta iniciativa. É, portanto, uma oportunidade de ouro. Espero que cada um desses jovens aproveite a vivência e, quando voltarem, compartilhem a experiência com a família, os amigos e a comunidade em que estão inseridos. O Brasil precisa de jovens engajados e dispostos a compartilhar ideias, experiências e boas práticas”, disse.
O encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA, Andrew Bown, disse estar surpreso e contente com o nível de fluência no inglês dos participantes e também pediu para que a experiência seja compartilhada, tanto aqui, como no país para onde estão embarcando. “A viagem será marcante e poderá abrir novas oportunidade em suas vidas. O meu pedido é que vocês se permitam conhecer os colegas, a família que irá hospedá-los e que tirem sempre um tempo no final do dia para refletir sobre os conhecimentos adquiridos. Assim, aprendam o máximo que puderem sobre os EUA e tenham sempre orgulho do Brasil e de suas raízes”, afirmou Bowen. Ele representou, na ocasião, a embaixadora dos Estados Unidos no país, Liliana Ayalde.
Depois de Washington D.C, os 50 jovens serão divididos em grupos e enviados para diferentes cidades americanas, onde ficarão hospedados em casas de família por três semanas, frequentarão aulas em escolas locais e interagirão com estudantes locais da mesma idade. Além disso, participarão de atividades de responsabilidade social e cultural nas comunidades para falar sobre sobre o Brasil. O retorno ao país está marcado para o dia 30 de janeiro.
Danilo e Melissa
Estudante do Centro de Ensino Médio 4, de Ceilândia (DF), Danilo soube da aprovação no programa com a visita da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, e do secretário Júlio Gregório Filho, em outubro do ano passado, em sua própria residência. O jovem estuda inglês e japonês no Centro Interescolar de Línguas e é bolsista da Aliança Francesa. “Desde pequeno sempre gostei de estudar e conhecer a cultura de outros países. Os livros sempre foram minha melhor possibilidade para isso. Estou ansioso pelo o que me espera”, afirma o brasiliense, que realiza trabalhos sociais com jovens carentes de Ceilândia por meio da igreja que frequenta.
Já Melissa, que estuda no Centro Educacional 104 e mora no Recanto das Emas (DF), está empolgada com a oportunidade de poder compartilhar suas experiências com os amigos do programa e a família que a hospedará nos Estados Unidos. A jovem brasiliense sempre estudou inglês sozinha e realiza trabalho voluntário por meio do Clube Desbravadores Ave Branca. A mensagem que ela quer deixar é que é possível estudar um outro idioma, realizar sonhos e ter tempo para ajudar o próximo sendo de uma realidade financeira menos favorecida. “Além disso, eu espero trazer um pouco dos Estados Unidos para o Brasil e levar um pouco da gente e da nossa cultura para lá também”.
Vivências anteriores
A experiência de passar algumas semanas nos Estados Unidos já foi vivenciada por outros jovens da rede pública, como a estudante Paloma Rodrigues, 17 anos. Aluna do CIL de Brasília, ela participou do programa em 2013. Em Washington, capital, aprendeu sobre liderança e engajamento, enquanto morou com uma família americana. “Aprender uma outra língua é como conhecer o mundo de uma outra forma, que você não conheceria se não falasse o idioma”, afirma. Paloma hoje estuda relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB) e quer ser diplomata.
Outro aluno da rede pública do DF que teve a oportunidade de participar do Jovens Embaixadores é Billy John, de 17 anos, morador de Taguatinga. Ele passou pelo programa no ano passado e acredita ter voltado mais consciente sobre o quanto é possível contribuir para a comunidade em que nasceu. “No meu caso, o tempo nos Estados Unidos me permitiu ter mais liderança e a perceber que pequenas ações geram resultados maiores do que a gente consegue mensurar”, acredita o jovem, atualmente aluno do curso de letras/tradução, também da UnB.