Da Agência Brasília
Com novo acervo e mais estrutura, secretarias de Justiça e de Educação reinauguram biblioteca da Unidade de Internação de Planaltina
O Governo do Distrito Federal reinaugurou nesta sexta-feira (15) a biblioteca da Unidade de Internação de Planaltina (UIP). O espaço recebe atualmente cerca de 100 adolescentes que estão em cumprimento de medida socioeducativa. O local administrado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) estava com o acervo desatualizado e não catalogado. Com o apoio da Secretária de Educação, esse problema foi solucionado e os internos agora podem embarcar no mundo lúdico da literatura. O momento para leitura tem o objetivo de reinserir socialmente os jovens que cometeram crimes, aprimorando a linguagem e preenchendo o tempo ocioso em que ficam reclusos.
“Nós sentimos que estamos entrando em uma nova fase da educação. A Regional de Ensino tem ajudado muito. Conseguimos aumentar os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pedaf) de R$ 10 mil para R$ 30 mil nesta gestão. É importante investir em políticas para os adolescentes, pois muitas vezes eles vêm de um contexto onde foram apartados da escola. Por meio do ensino a gente quer tirar esses jovens do contexto infracional”, explica a professora de Letras Cinthia Monteiro que há 10 anos trabalha com jovens na UIP.
Na manhã desta sexta-feira foi realizada uma contação de histórias pelos profissionais da oficina pedagógica da Coordenação Regional de Planaltina. Com a reabertura da biblioteca, novos projetos serão feitos no decorrer do ano. Além disso, a cada semana um interno será o próprio contador de história, encenando e dividindo o conhecimento que obteve por meio do livro com os colegas.
No novo acervo da biblioteca, há clássicos como “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto). “Eu gostei da atividade. Tomara que daqui para frente seja sempre assim, com momentos divertidos. Na rua eu não estudava, aqui eu estudo. Passei de ano na escola, algo que eu não faria se estivesse lá fora. Eu quero me regenerar, esquecer meu passado e ter um futuro diferente”, confessou um dos internos.
A Secretaria de Justiça informou que, no ano passado, 244 jovens privados de liberdade realizaram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e 510 internos foram avaliados pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), uma prova de que o amparo oferecido pelo sistema prisional recupera parte desses infratores. O diretor da Unidade, Ricardo Ferreira, reforça a importância de olhar para esses jovens de uma forma diferente. “Quando você vê uma história de um adolescente infrator, você enxerga ela de forma genérica, mas cada um tem uma trajetória por trás. Há casos de pais mortos e de criança abandonada pelo família. Não podemos julgar a todos da mesma forma”, disse.