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2/05/23 às 19h44 - Atualizado em 11/05/23 às 10h27

Estudantes têm apoio para superar medo e ansiedade

Todo mês, projeto Terapia Comunitária Integrativa beneficia cerca de 700 alunos

Da Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

 

Terapia em grupo para vencer o medo e a ansiedade que os alunos têm apresentado ao ir às aulas. Um projeto das secretarias de Saúde (SES) e de Educação (SEEDF) promove rodas de terapia comunitárias por meio de conversas e dinâmicas nas escolas para criação de uma rede solidária entre os estudantes. As ações foram reforçadas neste período de apreensão, após casos recentes de violência dentro das salas de aula.

 

Um projeto das secretarias de Saúde (SES) e de Educação (SEEDF) promove rodas de terapia comunitárias por meio de conversas e dinâmicas nas escolas para criação de uma rede solidária entre os estudantes.

 

Desde 2018, o projeto Terapia Comunitária Integrativa (TCI) já atendeu mais de 2.000 alunos e está ativo em dez escolas: nove no Gama e uma em Santa Maria. A previsão é de que o atendimento seja reforçado, uma vez que 26 docentes comunitários foram capacitados. Já as famílias contam com apoio de grupos semanais, na Coordenação Regional de Ensino do Gama, aos sábados, às 16h; e no Jardim de Infância 3 do Gama, nas quartas-feiras, às 19h.

 

Dyana Vitória, de 14 anos, foi uma das mais participativas durante as conversas realizadas no Centro de Ensino Fundamental 5 do Gama nesta terça-feira (25). A aluna do 9º ano é uma dos 740 estudantes beneficiados mensalmente pelas sessões em grupo na escola. “Eu venho há mais de um ano e sempre me ajudou demais. Antes, ficava mais calada, mas agora consigo me comunicar sobre tudo”, conta Dyana. A terapia é “um espaço onde não me sinto julgada. Deixo por lá o que é ruim e levo comigo algo que é bom”, diz.

 

Doralice Oliveira Gomes, que organiza as sessões, considera que é “importante que as histórias desses alunos sejam ouvidas, pois muitos vêm de lares vulneráveis. Isso contribui para a relação entre eles e para toda a questão pedagógica”

Cada sessão aborda um tema distinto e é organizada pela Referência Técnica Distrital em TCI da SES, Doralice Oliveira Gomes. “Os estudantes têm um ambiente de acolhimento para suas emoções e sentimentos dentro da escola. Acho importante que as histórias desses alunos sejam ouvidas, pois muitos vêm de lares vulneráveis. Isso contribui para a relação entre eles e para toda a questão pedagógica”, destaca.

 

O projeto trouxe momentos de escuta, além da criação de vínculos mais consistentes entre os estudantes e a escola. Os alunos gostam de ficar na escola e de participar das ações”, afirma a coordenadora regional de ensino do Gama, Cássia Maria.

 

Escola: lugar seguro

 

Sobre o cenário recente de ataques e casos de violência nas escolas brasileiras, a coordenadora do Centro de Ensino Fundamental 5 do Gama, Valquíria Vicente, esclarece que a família pode contar com a instituição e que os pais devem pedir orientações, participar e deixar sugestões. “É fundamental deixar claro que a criança pode ir para a escola com tranquilidade, sim, porque é um ambiente protetivo. Há problemas? Há! Mas o aluno precisa continuar a vida com regularidade, que é o que vai fazer com que ele tenha saúde mental”, avisa a especialista.

 

O estudante João Pedro diz que “as rodas nos ajudam nessa questão (se expressarem), pois são como um lugar pacífico para conversar e nos dão aquele pequeno empurrão para nos ajudar a dizer o que sentimos”

O estudante João Pedro, de 16 anos, está em sua terceira participação e revela que existem vários alunos com dificuldade de se expressar. “As rodas nos ajudam nessa questão, pois são como um lugar pacífico para conversar e nos dão aquele pequeno empurrão para nos ajudar a dizer o que sentimos”, reflete.

 

O cuidado e a atenção melhoraram também o desempenho dos estudantes. “O foco da escola é a aprendizagem. O projeto contribui tanto com a saúde emocional como com o estudo. Ele conseguiu incluir alunos que, antes, não eram notados”, diz Doralice.

 

O professor de português Luís Carlos Loyola, morador do Gama e pai de três filhos, apoia as práticas terapêuticas nas escolas. “Há um ano participo dos grupos e acredito que as sessões também mostram como os problemas são parecidos. Com as rodas, cresce o sentimento de empatia e de acolhimento”, afirma.

 

Terapia Comunitária

 

Segundo Doralice, a TCI possibilita a troca de experiências de vida e hoje envolve centenas de pessoas no país por ser adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em diversos estados. “O princípio é simples porque, ao conversarem sobre seus problemas, as pessoas conseguem encontrar caminhos para solucionar suas dores.”

 

A terapia em grupo nas escolas é, como conta Doralice, uma das várias práticas integrativas de saúde disponíveis na SES. “Toda a comunidade está convidada a abraçar as escolas. É importante que não fiquemos acuados, pois o coletivo é mais forte do que tudo isso que está acontecendo”, defende.

 

*Com informações da Secretaria de Saúde

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