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28/03/22 às 9h07 - Atualizado em 17/05/23 às 15h11

Esporte contra violência com kickboxing

Projeto Escola de Combate leva novas perspectivas para estudantes do CEF 316

Thaís Rohrer, Ascom/SEEDF

 

A escola também é espaço para desenvolvimento da cultura de paz e combate à violência. A professora e atleta Pollyanna Silva tem feito isso por meio do treinamento de kickboxing  com o projeto Escola de Combate, desenvolvido com estudantes do Centro de Ensino Fundamental 316, de Santa Maria.

 

O projeto desperta nos jovens e crianças a importância do esporte para construção de um cidadão mais consciente, humano e solidário. Por meio do kickboxing , os estudantes conseguem diferenciar os conceitos de luta e briga para buscarem diversos aspectos de equilíbrio na vida.

 

O Escola de Combate começou em 2019. Inicialmente, funcionou na Escola Classe 116 de Santa Maria e atualmente está no CEF 316. Esporte e educação sempre caminharam juntos na vida de Pollyanna. “Sou da época em que os professores diziam que nossa obrigação era salvar o mundo através da educação física, pois cada menino que saísse da rua e fosse praticar qualquer esporte poderia estar saindo da vida do crime e dos perigos da rua, aprendendo disciplina e se tornando um cidadão melhor. Eu sempre trabalhei na periferia e em escolas desafiadoras. Sempre tentando algo novo e que fizesse as crianças perceberem o encantamento do esporte”, conta.

 

Kickboxing transformando vidas nos treinos com a professora Pollyanna Silva / Foto: Henrique Medeiros, Ascom/SEEDF

 

Essa semente do esporte plantada pela prática do kickboxing  germinou no coração do estudante do 3º ano do ensino médio Marcelo Ramos, 18 anos. Ele viu uma palestra da professora Pollyanna Silva e se apaixonou pelo esporte. “Eu entrei aqui completamente desmotivado por tantas coisas da vida. Hoje estou aqui cheio de sonhos. Penso em ser professor de kickboxing  e ajudar outros estudantes. Também quero ser policial e já comecei os estudos”, conta. Marcelo começou o esporte há dois anos e já conquistou duas medalhas de bronze em 2021, no Open Brasília de Kickboxing  e no Campeonato Mundial de  Kickboxing.

 

Os treinos da Escola de Combate são mistos, entre meninos e meninas, e abordam as sete modalidades atuais do Kickboxing : Musical Forms, Point Fight, Light Contact,Kick Light, Full Contato,Low Kick e aK1 Rules.

 

Maria Luiza Martins, 15 anos, migrou da ginástica rítmica para o kickboxing  há um ano. Ela se identifica mais com a modalidade Musical Forms e aproveita a bagagem adquirida na ginástica para o dia a dia no kickboxing . “O esporte tem sido importante para trabalhar a minha confiança. Eu gosto da Forms porque tenho liberdade de fazer vários movimentos e criar”, revela. Ela também já segue o caminho de títulos comum entre os alunos da Escola de Combate. Ela foi Campeã Mundial de Artes Marciais 2021.

 

Estudante Maria Luiza enxerga várias possibilidades de movimentos no kickboxing / Foto: Henrique Medeiros, Ascom/SEEDF

 

Vida de atleta

 

Dedicação faz parte do dia a dia da Pollyanna Silva. Ela divide a vida entre professora da rede púbica há mais de 20 anos, atleta e mãe de três filhos. Os esportes, especialmente as artes marcais, têm muito significado na vida dessa lutadora. A lista de títulos conquistados com o kickboxing  de 2015 até 2021 é grande: campeã Panamericana ISKA na modalidade formas tradicionais; campeã mundial UMK – Cinturão; medalha do mérito esportivo pela Confederação Brasileira de Lutas e Artes Marciais; campeã intercontinental de formas tradicional individual; campeã daTaça José Antônio Ferreira Machado de kickboxing.

 

Valores como a importância da disciplina, respeito e do trabalho diário sempre são destacados com os estudantes que passam pelas aulas da professora. “Eu vejo o crescimento desses meninos como pessoas e isso me emociona muito. As mães contam como eles progrediram fora do ambiente escolar também. Isso não tem preço”, destaca Pollyanna.

 

Trilha campeã

O Esporte já gerou inúmeros resultados para crianças da Escola Classe 116  e do Centro de Ensino Fundamental 316. Estudantes já foram para o Panamericano da ISKA (International Sport Kickboxing  Association) e várias outras competições internacionais.

O espírito da competição vem de berço. Ana Luiza Ferereira, 12 anos, é filha de Pollyanna e treina artes marciais desde os 4 anos. “Eu amo competir, estar com meus amigos e ganhar. Minha mãe é uma inspiração pra mim”, destaca. A jovem já tem títulos de Campeã Intercontinental e Panamericana na modalidade.

 

Gabriel Alves, 19 anos, começou no Escola de Combate como aluno há três anos. Terminou o ensino médio no ano passado e segue como voluntário do projeto. Ele é inspiração para vários estudantes do projeto com sua história de dedicação e resultados como atleta. Já são 16 medalhas no kickboxing  e o título de campeão mundial. Por meio do esporte, já viajou para várias partes do mundo, como Suíça e Holanda.

 

Gabriel segue como voluntário no projeto Escola de Combate / Foto: Henrique Medeiros, Ascom/SEEDF

 

“Eu não tinha muitas perspectivas de vida antes do esporte. Hoje eu tenho muitas ambições como atleta e fico feliz em inspirar outras pessoas”, relata. Gabriel concilia a vida de atleta com a faculdade de educação física, iniciada em 2022.

 

O esporte

 

O kickboxing  é oriundo do karatê e o primeiro nome dado a prática foi karatê full contatc, que após alguns anos ganhou o nome de kickboxing . Os movimentos têm a junção de socos, golpes de boxe, chutes, joelhadas,  socos giratórios e socos reversos.

Nem todas as modalidades envolvem o combate propriamente dito. Algumas delas têm movimentos de luta mais performáticos e coreografados.


O kickboxing conta com as faixas branca, amarela, laranja, verde, azul, marrom e por último, a preta.

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