Projeto que arrecadou alimentos junto à comunidade escolar para distribuir durante a pandemia recebe prêmio nacional
Tainá Morais | Ascom/SEEDF
A equipe da Escola Classe 40, da Ceilândia, recebeu, nesta quarta-feira (4), o Prêmio “Educação para Gentileza e Generosidade Escolas 2021”. A escola foi escolhida com o terceiro lugar na categoria Campanha Mais Criativa, com o projeto “Segurança Alimentar Sol Nascente”. Os gestores, professores e estudantes se uniram e arrecadaram 696 cestas básicas durante a pandemia, doadas para a comunidade da região, inclusive alguns alunos em situação de insegurança alimentar.
Em sua segunda edição, o prêmio é oferecido pela plataforma Educação para Gentileza e Generosidade, voltada para disseminar esses valores no processo de aprendizagem brasileiro.
De acordo com a diretora da EC 40, Marinalva Rosa, o intuito de realizar ações sociais é poder aproximar os professores de seus alunos e familiares, bem como a comunidade onde a escola está localizada. “Nossa região é a mais carente do Distrito Federal, com isso, sempre pensamos em algo que possamos fazer para ajudar, não somente nossas crianças, mas outras famílias da cidade, assim como aconteceu com este projeto.”
O projeto “Segurança Alimentar Sol Nascente” foi criado devido à pandemia que afetou diversas famílias da região, por conta do aumento do desemprego. Ainda de acordo com a diretora, durante a campanha, além dos alunos, outras 84 famílias foram agraciadas com as cestas e com um voucher no valor de R$ 214 para a compra da carne e materiais de limpeza.
Como o projeto teve um retorno positivo, a colaboradora da escola Edilma Dias, decidiu expandir a onda de solidariedade e criou um novo projeto que ficou conhecido como “Educação na Palma da Mão”. A iniciativa serviu para arrecadar aparelhos eletrônicos para os alunos carentes acessarem o ensino remoto.
Educação na Palma da Mão
Segundo a vice-diretora da escola, Lucymeire Viana, os dois projetos foram iniciados justamente por conta da dificuldade que os alunos passaram a enfrentar diante o momento delicado, que foi a pandemia. “Logo no início, muitas crianças se queixavam porque não tinham como executar as tarefas, por não terem um aparelho celular ou computador em casa, e nós não queríamos, de forma alguma, que nenhum aluno ficasse para trás”, explica.
Diante dos obstáculos, toda a equipe da instituição resolveu fazer a campanha. Conseguiram uma parceria com a Associação do Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) e arrecadaram R$48 mil, revertidos para a compra dos eletrônicos.
Para o aluno Gustavo Pereira, 9 anos, a ação foi positiva por ele poder continuar estudando sem perder o ano. “Apesar de ser ruim e mais difícil de aprender, achei ótimo porque hoje ainda consigo utilizar o meu tablet para estudos e diversão em casa.” Já para a Paula Fernanda, 10 anos, o aparelho fez com que ela tivesse disciplina durante o ensino remoto. “Muito legal a campanha, porque mesmo sem condições, nós alunos pudemos aprender as aulas da escola e também como manusear um tablet, um celular ou um computador”, explica.
O supervisor administrativo, Valdivino Gracês, conta que a campanha foi gratificante e deu um retorno inesperado, pois arrecadaram mais de 400 aparelhos entre celulares, computadores e tablets, novos e em bom estado de conservação. “Sempre me emociono, pois mesmo com tantas dificuldades conseguimos atender as necessidades de nossas crianças, fazendo com que nenhuma delas ficasse prejudicada”, afirma.
Resultado Final
Conheça as escolas vencedoras do prêmio Educação para Gentileza e Generosidade Escolas 2021 e seus projetos.
2º Lugar – Colégio Magister/ São Paulo — Projeto: Brincando e Aprendendo no Ambiente Digital
“A escola já tem o novo ensino médio implantado e uma de suas matérias eletivas é Empreendedorismo Social. Os alunos participantes desenvolvem programas, projetos e movimentos com instituições e entidades parceiras da escola. Com a pandemia e a dificuldade das ações de voluntariado presenciais, nesta iniciativa estimulamos o encontro dos alunos com as crianças assistidas pela Associação Probrasil, em Parelheiros, mais especificamente do Centro para Crianças e Adolescentes Nelson Mandela. Com o apoio dos professores, os alunos prepararam um quizz na plataforma Kahoot e aplicaram o jogo, enquanto as crianças do CCA foram capacitadas para promover jogos virtuais de aprendizagem com jovens da comunidade no telecentro que atende o bairro de Jardim dos Álamos.”
3º Lugar: Escola Classe 40 de Ceilândia/DF — Projeto: (Segurança Alimentar Sol Nascente)
“A escola está inserida numa das maiores favelas do Brasil, na cidade do Sol Nascente, Pôr do Sol, DF. Como característica das cidades que se desenvolvem de forma desassistida pelo Estado, muitas são as mazelas da comunidade. Violência, pouco saneamento básico, moradia precária e a fome, são os principais problemas enfrentados pelas famílias. A escola, por estar na comunidade, é um espaço que está envolvido em ações que promovam o bem-estar das nossas crianças e comunidade, desenvolvendo campanhas de conscientização e arrecadação para as situações emergentes. Realizamos parceria com a Associação dos Diplomatas Brasileiros, que financiaram o projeto, e a rede de apoio socioassistencial da rede pública, que realizaram um momento de formação com as famílias. Tivemos representantes do conselho tutelar, CRAS, Secretaria de Saúde e Obras Sociais. A escola é um espaço de promoção à cidadania. Cidadania que transcende os muros da escola e precisa estar conectado com as demandas das comunidades de onde nossos estudantes vêm. Onde a violência, o medo e a fome imperam, estamos tentando amenizar o sofrimento dessas famílias e exercitar a empatia.”
Sobre os jurados do prêmio:
Êda Luiz, educadora por 55 anos de escola pública, pedagoga com especialização em EJA. Foi por 22 anos gestora do CIEJA CL, escola reconhecida como “transformadora”. Aposentada, continua fazendo o que mais gosta em projetos sociais: troca de conhecimentos.
Maria Cecília Lins, fundadora e diretora executiva Instituto Pró-Saber SP, na comunidade de Paraisópolis, desde 2003. Professora de ensino fundamental, graduação em Psicologia e doutoranda em Psicologia da Educação pela PUC SP. Especialização em Stanford na Formação Executiva para líderes de Organizações da Sociedade Civil e no Insper no Núcleo de Ciência pela Infância em parceria com Harvard. Conselheira do Instituto Protea, ThinkTwice Brasil, Voa/Ambev e IABCD e diretora do Grupo Mulheres do Brasil. Seu sonho é contribuir para o fim da desigualdade por meio da educação.
Patricia Kunrath é formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, Mestre e Doutora em Antropologia Social pela UFRGS com estágio de Doutorado na Universidade da Califórnia Irvine. Tem experiência em docência acadêmica, em atuação e em pesquisa no terceiro setor com foco em filantropia, investimento social privado e cultura de doação no Brasil e nos Estados Unidos. É professora na ESPM Porto Alegre e coordenadora de conhecimento no GIFE.
Pedro Frazão é pai, transplantado renal, ciclista e ativista em causas relacionadas à realidade urbana como mobilidade, inclusão social, reciclagem e cultura da doação. Promove a Cultura da Doação utilizando a cidade como sua principal plataforma e transformando realidades por meio da informação e da arte em seu projeto “Quem doa vive mais”. Faz parte do Conselho Consultivo da ONG PimpMy Carroça. Formado em Design (Escola Panamericana de Arte), Propaganda (FAAP), pós-graduado em Marketing (FAAP) e técnico em produção gráfica (SENAI), além de cursos e oficinas em processos analógicos, digitais e novas técnicas de produção audiovisual.
A plataforma Educação para Gentileza e Generosidade
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