Encerramento da Formação Continuada mostra a importância do desenvolvimento das narrativas com os estudantes
Por Thaís Rohrer, Ascom/SEEDF
A etapa de conclusão de mais um ciclo de aprendizado da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape) foi realizada por meio da live “Investigando o papel da contação de histórias na constituição dos sujeitos”. O evento virtual marcou o encerramento do Seminário de Formação Continuada, que ocorreu na manhã desta sexta-feira, 13, por meio do canal do YouTube da escola.
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, participou da abertura do encontro on-line. “Eu sempre levarei a Eape comigo porque ela participou fortemente da minha formação na minha vida profissional. É uma escola de excelência que ajuda a desenvolver as habilidades dos profissionais da educação”, destaca.
Também presente no evento virtual, a subsecretária da Eape, Maria das Graças de Paula, afirma que “os cursos fazem parte de uma construção coletiva com todos participando ativamente, dando suas contribuições e observando os documentos que pautam a educação.”
Educação, neurociência e histórias
A live “Investigando o papel da contação de histórias na constituição dos sujeitos”, mostrou a importância das narrativas para construção social, psicológica e educacional do ser humano. Os pesquisadores e doutores Guilherme Brockington e Ana Paula Moreira conduziram as falas para os profissionais da Secretaria de Educação do DF.
Eles mostraram que a partir de pesquisas científicas e da observação das civilizações há uma clara percepção de que a contação de histórias sempre teve e ainda têm um papel fundamental na sociedade.
A questão é observar que as narrativas são usadas para muito além da utilidade de se passar uma informação, pois elas geram também vínculo emocional e afetivo. “As histórias servem para colocar as pessoas no mesmo ritmo e clima emocional. Elas são vistas como um elemento de transformação psicológica, mais do que só apenas passar a informação e conteúdo”, conta Guilherme Brockington.
Os pesquisadores trouxeram a contribuição de que a contação de histórias, inclusive as de ficção, são imensamente importantes para o processo de aprendizagem porque o cérebro não diferencia o processo afetivo e cognitivo. Eles constituem uma unidade para o desenvolvimento. Assim, a transmissão do conhecimento e da informação não se separa da dimensão afetiva.
“As histórias não são só diversão ou passatempo. Elas fazem a construção de sentido. Não há uma separação certa entre palavra, fisiologia e emoção”, destaca Ana Paula.
A live demonstrou que as histórias também são importantes para o desenvolvimento das pessoas, especialmente das crianças, porque a partir delas é que o ser humano consegue fazer abstrações e simular a realidade se conectando às vivências de outras pessoas. Esse conjunto de ideias e sensações poderá ser utilizado em outras situações para construção e solidificação de novos conhecimentos.
Reação cerebral
Os doutores Guilherme Brockington e Ana Paula Moreira desenvolveram uma pesquisa com crianças internadas em uma UTI de um hospital no Brasil. Elas foram divididas em dois grupos. O primeiro recebeu a contação de histórias. O segundo grupo recebia apenas estímulos de sentenças do tipo o que é, o que é?, no entanto, sem uma narrativa definida.
Quando observaram a reação cerebral, os pesquisadores perceberam que o grupo que recebeu a contação de histórias reagiu melhor ao ambiente hospitalar. Além disso, as crianças desse primeiro grupo produziram mais níveis do hormônio da oxitocina (hormônio da alegria) e menor nível de cortisol (hormônio do estresse).
Os pesquisadores finalizaram a participação na live com uma reflexão que pode auxiliar os professores a deixarem o processo de aprendizagem ainda mais atraente com as técnicas utilizadas na contação de histórias, o storytelling.
“O mercado já usa o storytelling para vender mais com histórias que captam as pessoas. Então, temos que ficar atentos para fazer pesquisas e trazer soluções de storytelling para aprender mais nas escolas”, justifica Guilherme.