Daiane Garcez, CRE do Plano Piloto
Evento realizado pela CRE do Plano Piloto reuniu especialistas e profissionais da educação infantil
Cerca de 500 coordenadores, professores e monitores participaram, nesta quarta-feira (26), do encontro “O Desenvolvimento Integral da Criança na Perspectiva do Trabalho em Rede”, promovido pela Coordenação Regional do Plano Piloto(Unieb/CRE PP). O evento foi realizado no auditório do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A iniciativa fez parte das atividades de formação dos profissionais que atuam nas creches – públicas e parceiras – e nos jardins de infância da Secretaria de Educação (SEEDF), previsto no calendário escolar.
A abertura contou com a apresentação cultural do representante do Conselho Indígena do Distrito Federal, Kamuu Dan Wapichana, que também apresentou o livro de autoria dele, lançado este ano, “O Sopro da Vida”. Ele ressaltou a necessidade de os educadores, já na primeira infância, eliminarem mitos com relação aos indígenas. “Tem que acabar com o místico e falar as verdades sobre a cultura indígena. Somos mais de 300 mil povos e poucos sabem sobre a gente”, opinou.
Durante o evento, os participantes voltaram à atenção ao conhecimento levado por instituições que compõem a rede de atendimento às crianças como a Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE), a Defensoria Pública do Distrito Federal, a Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do DF, a Secretaria de Justiça do DF e o Ministério da Saúde.
A coordenadora Fernanda Freitas está na Secretaria de Educação do Distrito Federal há 14 anos e, desde 2018, trabalha no Jardim de Infância da 404 norte. Lidar com os pequenos é gratificante, conta.”Os professores da educação infantil precisam desenvolver nas crianças, por meio de brincadeiras, faz de conta e atividades artísticas, um trabalho que envolva questões importantes como responsabilidade, autonomia e saber lidar com as diversidades e suas frustrações. E diante de tantos desafios precisam ter um olhar sensível para trabalhar em rede”, explica.
Um dos palestrantes foi o especialista em primeira infância e médico, Vital Didonet, que destacou a existência, no Brasil, do Marco Legal da Primeira Infância, em vigor desde 2016, o qual instituiu as Políticas Públicas direcionadas aos primeiros seis anos de vida. Ele defendeu que uma das formas de dar a atenção correta às meninas e meninos e tornar as ações eficientes é realizar o diálogo entre as instituições. “É preciso construir uma visão holística da criança como ser único e insubstituível, o que só é possível quando a gente conversa com profissionais de diferentes áreas. Isso é fundamental para o professor que passa tanto tempo com a criança”, ressaltou.
A formadora da EAPE Míriam Lúcia Herrera destacou o papel do currículo, dos eixos transversais e enumerou alguns aspectos a serem considerados pelos educadores, como a visão de que a criança é um ser ativo, crítico e criativo, o respeito ao repertório cultural que ela traz e a necessidade de
explorar o sentido da vida. “É um privilégio trabalhar com crianças pequenas, mas grandes cidadãos criativos”, concluiu.
A Defensoria Pública do DF marcou presença na formação os profissionais e levou informações relacionadas ao marco legal e regulatório dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, popularmente chamado de ECA. “Três décadas depois da criança ser considerada um sujeito de direito ainda buscamos a implementação disso. Ela é responsabilidade de todos nós, independentemente de quem somos. Cada um tem papel de suma importância na formação do ser humano”, avaliou a defensora pública, Leandra Paroneto, que atua na Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do DF.
A defensora aproveitou a oportunidade para alertar os profissionais da Educação de que ao perceberem situações e comportamentos estranhos, comuniquem o fato ao Conselho Tutelar e disse que a Defensoria também é uma instituição sempre aberta a orientar os educadores.