Roda de Conversa incentivou denúncias e discutiu a masculinidade tóxica
Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
O Centro de Ensino Médio (CEM) 01 de Sobradinho recebeu nesta quarta-feira (23) a 14ª edição do projeto Roda de Conversa sobre Feminicídio. Parceria da Educação com o portal Metrópoles, a ação de prevenção à violência contra a mulher tem percorrido as escolas da rede pública de ensino. O projeto foi coordenado pela Gerência de Educação em Direitos Humanos e Diversidade (GDHD) e terá continuidade em 2020.
Para Janaína Almeida, assessora especial do gabinete da SEEDF e coordenadora da macropolítica Cultura para a Paz, a educação tem a capacidade de frear a violência contra as mulheres. “Crianças e jovens precisam reter as informações obtidas em espaços como esse e multiplicá-las. Não é algo simples sair de uma relação abusiva, é preciso coragem”, destacou.
No encontro, a editora do portal Metrópoles, Olívia Meireles, apresentou o projeto editorial “Elas por Elas”, iniciativa que contabiliza o quantitativo de mulheres assassinadas no Distrito Federal em 2019. As matérias são escritas, fotografadas e ilustradas pelas profissionais e parceiras do portal. “Queríamos humanizar os dados acerca dessas mulheres e contar suas histórias”, afirmou a jornalista, destacando ainda que todas as histórias de feminicídio envolvem o machismo.
Desde o início do ano, 27 mulheres perderam a vida na capital federal vitimadas por feminicídio e o quantitativo cresce a cada semana. “Somos o 5º país do mundo que mais mata mulheres”, alertou Aldenora Macedo, gerente da GDHD. “Embora as meninas estejam se empoderando, a masculinidade tóxica prejudicial a homens e mulheres precisa ser enfrentada”, afirmou a gerente.
No encontro, o incentivo à denúncia esteve presente na voz da rapper Débora Glamourosa em sua apresentação musical. Já o brasiliense N’Santos traduziu em versos o problema da violência. Na poesia “A cada minuto”, o artista trouxe reflexão sobre as desculpas utilizadas para a gratuidade da fúria contra as mulheres com a repetição da frase “foi por amor”, clichê dos agressores.
Durante a realização do debate, a grafiteira Borbo realizou ainda uma intervenção artística que permanecerá na escola. A artista, que também é designer e fotógrafa, foi a escolhida para o projeto na unidade escolar. “Através da arte é possível abordar um tema tão pesado de maneira lúdica. Esse assunto precisa ser discutido”, defendeu.
A professora de Língua Portuguesa, Remildes Araújo, concordou com Borbo. “É preciso despertar a consciência dos jovens acerca da violência contra a mulher desde cedo. A escola deve possibilitar espaços para essa discussão”, ressaltou a docente.