Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
Aos 17 anos, *Marcos foi apreendido por ter supostamente agredido a avó. A breve experiência fez com que refletisse sobre o que poderia ter feito para evitar a situação. Na época, ele estudava, mas, ao sair e por meio das histórias que ouviu, compreendeu que o conhecimento era realmente importante. “Tive uma nova chance, se a pessoa se empenhar, estudar, pode mudar uma vida, mesmo”, declara.
A educação prisional no DF é uma realidade. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), há uma grande demanda em relação à escolaridade da população carcerária, que é formada por pessoas jovens. Para suprir essa carência, a Rede Distrital de Educação conta com o Centro Educacional 01 de Brasília, que atende cerca de 1,5 mil reeducandos nos estabelecimentos penais do DF.
Atenta à qualificação dos profissionais que lidam com esses estudantes, nesta quinta, 30/5, a Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE) em parceria com a Diretoria de Educação de Jovens e Adultos (Dieja) promove um curso destinado aos professores regentes da EJA que atuam no CED 01 de Brasília.
A iniciativa contou com a presença do subsecretário de Educação Básica, Helber Ricardo Vieira, que comoveu a todos ao narrar as experiências dos amigos de infância que enveredaram por caminhos opostos às leis.
“O direito à educação de excelência pressupõe o pleno desenvolvimento do ser humano, a sua preparação para a vida cidadã e à vida do trabalho. Quando é negado esse direito, a consequência é óbvia: esses estudantes vão abandonando a escola, envolvem-se em outras atividades e acabam, se assim sobreviverem, no sistema penitenciário”, alertou Helber.
Para Simão de Miranda, da EAPE, a educação de excelência tem relação com a formação do professor, que deve ser contínua, ininterrupta e dinâmica. “Não se pode conceber um profissional que não se atualiza, por isso o projeto de formação continuada é denominado Aprender sem parar”, defendeu.
Para a professora de língua inglesa Auxiliadora Aires Araújo, do CED 01 de Brasília, “lecionar para esses educandos é desafiador. Nesse sentido, participar de cursos de formação é importante para que saibamos enfrentar os dilemas com mais eficiência. Também nos sentimos mais seguros e preparados para exercer nosso trabalho”, constata.
Pela manhã, os professores participaram da palestra EJA no Sistema prisional – teoria e práticas interdisciplinares. À tarde, será desenvolvida uma oficina. No dia 5 de junho, os professores vão participar de um novo encontro e de quatro oficinas, no turno vespertino, com temas referentes à educação nas prisões.
Também estiveram presentes o coordenador da regional de ensino do Plano Piloto, Álvaro Matos de Souza; a coordenadora do 1º segmento da Educação nas prisões, Vanessa Bonfim; o diretor do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica da Subsecretaria do Sistema Penitenciário, Flamarion Araujo; o diretor do CED 01 de Brasília, Wagdo da Silva Martins e a vice-diretora, Elisângela Caldas e Lílian Sena, da Diretoria de Educação de Jovens e Adultos.