Iniciativa promove o diálogo sobre as perspectivas inovadoras para as escolas
Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
O estudante Mateus Vinícius Oliveira, do 3o ano do ensino médio, do Centro de Ensino Médio Ave Branca (Cemab), em Taguatinga, vive a angustiante fase pré-Enem. “Farei a prova, mas não sei dizer se o que é ministrado em sala de aula e cobrado no exame leva em conta nossa realidade. São muitas mudanças e o currículo parece não acompanhar essa evolução”, afirma o estudante.
Para contribuir com o debate na elaboração de um currículo atualizado e dinâmico, o Conselho de Educação do DF (CEDF) realiza a XVI Conferência de Educação do DF, no auditório da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs). Cerca de 270 inscritos são aguardados, durante o evento realizado de 9 a 12 de outubro.
A partir da temática “Perspectivas inovadoras para o ensino médio”, diversos especialistas vão abordar temas como o Marco Legal do Novo Ensino Médio; a Organização Curricular do Novo Ensino Médio no DF; as Tecnologias Educacionais Inteligentes, dentre outros temas.
Durante a cerimônia de abertura da Conferência, o presidente do CEDF, Mário Sérgio Mafra, ressaltou a importância da iniciativa. “Nós vamos discutir, debater, sugerir contra ou a favor, levantar as dificuldades durante o evento. É um marco para a educação. Os próprios docentes em sua proposta curricular, dentro do seu currículo em movimento, podem decidir o que pode ser proposto e o estudante terá a oportunidade de optar por aquilo que lhe interessa”, ressaltou o presidente.
Para Andre Lucio Bento, da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE), que representou o secretário de educação João Pedro Ferraz, a importância do evento é, sobretudo, “proporcionar uma discussão sobre o futuro e sobre a juventude. Esse é o segmento mais suscetível ao desemprego, à violência, o que mais morre”, explicou.
De acordo com o subsecretário, em sala de aula, os estudantes são surpreendidos componentes curriculares que nem sempre estão relacionados à realidade e às necessidades dos jovens.
Currículo: uma construção coletiva
Segundo Sueli Melo, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), as mudanças necessitam de um trabalho sistêmico, uma vez que o país começa a descobrir novas perspectivas. “Este momento exige a reinvenção da escola, do papel dos educadores e a busca de alternativas diferenciadas. Agora, a legislação possibilita a construção coletiva do currículos das escolas”, enfatizou.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), preconiza que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deve nortear os currículos escolares, bem como as propostas pedagógicas das escolas públicas ou privadas. Ou seja, deve estabelecer os conhecimentos, competências e habilidades que os estudantes devem desenvolver ao longo da escolaridade básica.
Em se tratando do Novo Ensino Médio, a proposta é que a BNCC garanta aprendizagens conectadas a competências que preparem os jovens para a vida. Segundo a pedagoga Ada Lima, “essa iniciativa tem sido comemorada entre os estudantes porque, além das aprendizagens comuns e obrigatórias, os estudantes vão poder escolher o que mais se relaciona as suas vivências e interesses”, afirmou a pedagoga.
As novas perspectivas para o Ensino Médio foram o destaque do segundo dia da XVI Conferência de Educação do Distrito Federal. Marco Antônio Del’Isola, conselheiro do Conselho de Educação do DF (CEDF) coordenou a mesa “O Novo Ensino Médio no Distrito Federal – Projetos, experiências e ideias inovadoras”, realizada nesta quinta-feira (10/10).
A diretora de supervisão institucional e normas de ensino da Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF), Raphaella Cantarino, deu continuidade às atividades vespertinas apresentando a Nota Técnica no 02/2019-CEDF. O documento dispõe sobre a organização curricular no Ensino Médio, retratada nas matrizes curriculares de referência e que validam o percurso escolar do estudante.
Segundo Fernando Wirthmann, responsável pela Diretoria do Ensino Médio da SEEDF, é necessária a ressignificação da escola como um espaço de convivência e de relações sociais; de aprendizagens essenciais e da oferta de trajetórias diversificadas. “É importante promover o encontro entre as expectativas dos jovens e as possibilidades concretas das escolas, mediante um processo permanente e orientado de reflexão sobre seus projetos de vida”, salientou Wirthmann.
Para o gerente-executivo de educação do Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF), Sérgio Jamal Gotti, a mudança no ensino é desafiadora. “Para o professor, é necessária uma formação continuada específica para o projeto. Em relação aos estudantes, é preciso uma orientação permanente, planejamento do percurso e múltiplos instrumentos de avaliação” enfatizou.
A mesa contou ainda com a participação da gerente de educação do SESI, Núbia Rosa, e da representante do Instituto Evariste Galois, Dulcineia Maria Santos. Foram apresentados respectivamente: “O Novo Ensino Médio, do desafio à realização” e “O Novo Ensino Médio e a preparação para acesso ao Ensino Superior”. Após os pronunciamentos, teve início o debate com a participação do público.
A programação da XVI Conferência de Educação do Distrito Federal segue nesta sexta-feira (11/10). Pela manhã, os focos das apresentações serão as tecnologias educacionais e o ensino à distância no ensino médio. À tarde, a mesa trará reflexões sobre os futuros egressos do ensino médio.