Cinco alunos da rede pública de ensino foram premiados; o tema foi a ação da Defensoria Pública e os direitos de cada cidadão
Nathália Borgo, Ascom/SEDF
“São as tormentas que amadurecem a mente”, dizia o soneto Eclipse, declamado na abertura da premiação dos cinco estudantes das escolas da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Distrito Federal. Eles redigiram os textos para o 1º concurso de redação da Defensoria Pública da União, com o tema Eu tenho direito e a DPU está comigo!. Foram premiadas as melhores dissertações sobre o dia a dia das famílias brasileiras e o direito que todos têm e, muitas vezes, desconhecem. O Distrito Federal ficou entre os quatro entes federativos com melhor desempenho no concurso. O evento foi realizado nesta segunda-feira (22), no prédio do órgão, em Brasília.
“Trata-se da oportunidade de divulgar assistência jurídica gratuita prestada pela Defensoria Pública e despertar nos estudantes o interesse em revelar suas realidades e conhecimentos, oferecendo mais cidadania ao processo”, explicou o defensor público geral-federal interino, Lúcio Ferreira Guedes.
William dos Reis Lopes Vieira, estudante do 2º ano do ensino médio no Centro Educacional Dona América Guimarães, em Planaltina, ficou em terceiro lugar no concurso. Assumiu a dificuldade que teve para lidar com o tema no início, mas seguiu em frente: anotou todas as informações repassadas nas palestras da DPU, na escola, e começou a pesquisar.
O resultado foi satisfatório para o menino, filho de pedreiro e dona de casa que não tiveram a mesma oportunidade. A mãe de William estava na primeira fila, emocionada. “Meus pais ficaram muito orgulhosos e me parabenizaram. A realidade de casa e da comunidade serviram de inspiração. Você passa a perceber as pessoas ao redor e nota que pode haver uma saída”, afirmou.
O estudante, que nunca havia participado de um concurso, ganhou entre os três melhores ao abordar na redação como as pessoas podem conhecer os seus direitos e aplicá-los no dia a dia. Ele sonha em cursar arquitetura e passar em um concurso público. “Gosto de estudar e, em casa, fixar o conteúdo. Este ano farei o ENEM e o vestibular, e se tiver outro concurso, vou participar novamente”, garantiu.
O Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, teve duas alunas vencedoras. A supervisora pedagógica, Vitória Régia, contou que, para participar da seleção, os estudantes foram convidados de sala em sala. Foi realizada, ainda, uma apresentação do tema e, então, solicitaram que cada interessado redigisse um texto. Para chegar aos escolhidos, por turma, os professores trabalharam parágrafo por parágrafo. “Os alunos reescreveram a redação umas quatro vezes, para chegar ao texto final. Eles tiveram cerca de 20 dias entre o período de pesquisa e a data para entregar o trabalho”, relatou.
Participativa, Rayane Vitória Neves do Nascimento, estudante do 9º ano do ensino fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA), também do CEF 12, já medalhista de bronze em uma OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matématica das Escolas Públicas), acredita que o gosto pela disciplina de língua portuguesa foi crucial para o resultado no concurso. “Gosto mais de escrever do que falar e achei interessante saber que a DPU ajuda famílias carentes que não têm condições de contratar um advogado. A experiência foi muito boa para mim também”, destacou ela, que ainda não tem certeza do que quer ser profissionalmente – “talvez pedagoga ou pediatra, para estar mais próxima às crianças”.
Da mesma unidade escolar, Rafaela Durães, aluna do 8º ano do ensino fundamental EJA, também terceiro lugar na competição, abordou na redação o direito de todos e aprovou a ação da Defensoria com as famílias que necessitam de apoio. “Não importa a situação, eles [DPU] sempre atuam”, ressaltou a futura juíza, profissão sonhada pela estudante.
Ainda foram premiados as alunas da EJA Dominga Ribeiro Santana, do 2º ano do ensino médio, e Rosenilde Martins Pereira, do 3º ano do ensino médio, estudantes do Centro Educacional do Lago Norte, representadas por professores da unidade.
A Defensoria Pública premiou, em todo o País, o total de 42 alunos e 14 professores, além de três escolas da rede pública de cursos regulares e de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foram destinados R$ 83, 2 mil aos vencedores.
Estudantes do 6º ano ao 9º ano do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio competiram nas 14 categorias de redação. Para o primeiro lugar, um prêmio de R$ 1 mil; para o segundo colocado R$ 500; e para o terceiro R$ 300, em cada categoria. Já o professor que organizou os debates da redação vencedoras receberam a quantia de R$ 2 mil e as três escolas com mobilizações mais estratégicas ganharam R$ 10 mil, cada uma.
“O momento da produção em texto é privilegiado para aprender. A conciliação com a DPU estimula a redação e a construção de ideias. Este concurso é o primeiro de muitos e teremos a satisfação de nos encontrarmos e valorizarmos cada vez mais iniciativas como essas”, comemorou o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho, que ainda cumprimentou os pais dos alunos vencedores do concurso de redação e destacou a importância em valorizar os profissionais envolvidos com o projeto.
Minas Gerais (sete alunos), Espírito Santo e Goiás (seis cada) e Distrito Federal (com cinco alunos vencedores) foram as unidades da Federação com o maior número de alunos premiados no 1° Concurso de Redação da DPU, destinado a estudantes da rede pública em todo o país.