Missão dos dois países está no Brasil para ver de perto a alimentação escolar brasileira, referência mundial
Guilherme Marinho, Ascom/SEEDF
Hora do lanche no CEF 04 do Guará. No cardápio, arroz com frango, farofa de couve e cenoura. Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF
A alimentação escolar da rede publica de ensino do Distrito Federal é referência mundial e este posto trouxe as delegações dos governos do Panamá e do Chile para conhecerem todo o trabalho desenvolvido no DF. Representantes dos dois países ficarão até o fim desta semana no Brasil para conferir a experiência do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nesta terça-feira (10/5), os visitantes internacionais foram ao Centro de Ensino Fundamental (CEF) 04 do Guará. Na unidade, eles assistiram a palestras, conferiram o preparo da merenda e acompanharam o momento da refeição dos estudantes. No DF, os chilenos e panamenhos vão conhecer todo o processo da alimentação escolar em nível estadual. Em Luziânia (GO), eles irão verificar como é feito na esfera municipal.
A nutricionista da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) Lívia Bacharini Lima apresentou o trabalho desenvolvido na Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Guará: controle de estoque, boas práticas de alimentação, cardápios especiais para quem tem restrição alimentar e ainda inspeção da supervisão. Lívia aproveitou para divulgar o Projeto Escola Saudável, no qual uma equipe de profissionais e universitários de nutrição vai às escolas do Guará e promove seis encontros, de 50 minutos cada, com os estudantes. Nesses eventos, uma temática é trabalhada: rotulagem, horta, oficina de culinária, alimentos processados e alimentos in natura. Na última reunião os alunos validam o que aprenderam. “O programa visa à autonomia e ao protagonismo infantil. Mostramos o que é ideal e saudável e eles escolhem o que querem consumir”, explicou Lívia.
Visitantes puderam ver como funciona a cozinha no CEF 04 do Guará. Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF
Para a coordenadora regional da Alimentação Escolar para a América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Najla Veloso, a visita é uma estratégia importante para a promoção de conhecimentos, para o desenvolvimento das capacidades humanas e para ampliar a visão dos atores envolvidos no tema alimentação escolar. “Elaboramos uma cooperação internacional e o Brasil é uma referência. A missão é uma das atividades entre seminários, workshops, visitas a cooperativas, hortas e escolas. A visita é a oportunidade deles conhecerem de perto a realidade da merenda das escolas públicas brasileiras. Temos a lei de alimentação escolar mais avançada do planeta e outros países querem saber como funciona”, revelou Najla.
A diretora de alimentação escolar da SEEDF, Kelen Pedrollo, contou que a pasta possui 70 nutricionistas, sendo que 46 ficam lotados nas coordenações regionais de ensino e 24, na sede. Ela destacou as conquistas da pasta. “Atualmente, nós oferecemos 58 itens perecíveis e não perecíveis. Desses, 81% são produtos in natura ou minimamente processados. No total, 65% dos nossos produtos são provenientes da agricultura familiar. E, quando falamos de frutas, legumes e verduras, a cada 37 itens adquiridos pela rede, 30 são da agricultura familiar”, ressaltou Kelen. No Brasil, desde 2009, por lei, os municípios brasileiros devem comprar pelo menos 30% dos produtos originários da agricultura familiar para alimentação de estudantes nas escolas.
A nutricionista Yasna Oyarce contou que o Chile pretende usar mais produtos da agricultura familiar na merenda do país. Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF
A nutricionista Yasna Oyarce é do Departamento de Alimentação da Direção Nacional de Alimentação Escolar do Chile. Ela acredita que as escolas brasileiras têm um perfil similar às chilenas, mas duas coisas chamaram a atenção dela na visita desta terça-feira: “O desenvolvimento de cardápio especial, paralelamente ao cardápio regular, e o uso de alimentos regionais são ações muito interessantes. Estamos tentando promover isso no Chile para potencializar a agricultura familiar. No Chile, por norma interna do departamento, 5% dos produtos vêm da agricultura familiar. Não há uma lei, como no Brasil”, revelou Yasna.
Analice Santos, estudante do 7º ano, garante que a merenda no CEF 04 do Guará é uma delícia. “A comida aqui é muito boa e os pratos são variados. A gente come bem e tem energia para assistir a aula e aprender a matéria que o professor passa”, explicou a adolescente de 13 anos. O cardápio desta terça-feira (10) foi arroz com peito de frango, farofa de couve e cenoura.
Em 2018, o Programa de Alimentação Escolar (PAE/DF), da Secretaria de Educação do Distrito Federal atendeu um total de 398 mil estudantes por dia, servindo um total de 98 milhões de refeições, em 669 instituições de ensino da SEEDF durante o ano letivo.
O CEF 04 atende cerca de 1.200 estudantes nos três turnos. Durante o dia, a escola oferece ensino fundamental anos finais e ensino especial. À noite, a unidade recebe alunos da Educação de Jovens Adultos (EJA), dos primeiro e segundo segmentos. Na unidade, são servidas três refeições ao longo do dia, uma em cada turno.
O projeto, que integra o Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, tem como objetivo consolidar e fortalecer os programas de alimentação escolar na América Latina e no Caribe, buscando principalmente mudar os hábitos alimentares por meio de ações de educação nutricional e incorporação de produtos frescos e saudável nas escolas.
A visita técnica é promovida no âmbito do projeto de Cooperação Internacional Consolidação de Programas de Alimentação Escolar, executado de forma conjunta pela FAO e o governo do Brasil, como parte do compromisso de promover troca de experiências proposto pela Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES).
A Rede, formada por países da América Latina e do Caribe, é uma iniciativa do Brasil com apoio da FAO, criada com a finalidade de alcançar os objetivos da Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição e as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).