Professores e estudantes discutem o sofrimento psíquico vivenciado pelos adolescentes
Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
Quem anda pelos corredores do Centro Educacional (CED) 104 do Recanto das Emas, pode facilmente confundir o professor de inglês George Silva, 26 anos, com um estudante. De sorriso largo e cumprimentando a todos, o jovem interage da mesma maneira nas turmas em que leciona. “Não acredito no professor como aquele que é mero transmissor do conhecimento, é preciso estimular a criatividade e dar liberdade para que o processo ensino-aprendizagem seja lúdico”, explica George.
Dotado de uma verve artística, que o fez vencer com sua banda Trinato o concurso musical Brasília Independente em 2017, o trabalho proposto pelo professor em sala de aula contemplava o uso da língua inglesa por meio de uma linguagem artística. O resultado foi melhor que o esperado, os alunos englobaram desde a música às artes plásticas, mas a escolha de um tema também foi motivo de surpresa.
PRECISAMOS FALAR SOBRE A SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL
“Sei que muitos jovens passam por situações difíceis, como a depressão e passam até mesmo a não ter vontade de viver, mas com ajuda profissional é possível retomar a vida”, acredita o estudante Ebert Gonçalves, 15 anos, do 1º ano, que por meio de uma história em quadrinhos, abordou a importância da saúde mental dos jovens.
A história concebida por Ebert foi lida para toda a turma a pedido deles e trata de um rapaz que vive sob o peso de um “amigo imaginário”, uma silhueta obscura sobre os ombros.
A metáfora destaca a depressão vivenciada pelos jovens e suas consequências: perda da vontade de viver, angústia e sofrimento psíquico. O professor dá o spoiler sobre o fim dessa história: “A ajuda profissional pode auxiliar quem necessita e mudar a situação em que o jovem se encontra. O personagem, por fim, nos deixa uma mensagem de esperança: nunca desista!”, explica George.
Na unidade escolar o tema não ficou restrito às aulas de inglês. Ao longo do mês, o Setembro Amarelo, iniciativa que propõe a discussão sobre o suicídio, tem sido debatido por meio de várias ações, como as palestras destinadas aos professores e as discussões em sala. Segundo o Ministério da Saúde, as ações precisam atingir o público jovem devido ao aumento do número de casos e de tentativas de suicídio desse segmento.
“Assisti a “13 Reasons Why”, é bem pesado, mas não podemos ignorar que há adolescentes precisando de ajuda”, destaca Ebert acerca do seriado da Netflix, que aborda o suicídio adolescente e foi alvo de elogios e críticas. “O trabalho evidenciou que o Ebert tem muito potencial, mas sobretudo sua história pode atingir adolescentes da idade dele o que possibilita uma reflexão importante sobre o tema”, finaliza o professor.