Rossana Gasparini, Ascom/SEEDF
Ela representa uma pequena parte do Ensino Especial oferecido pela rede pública de ensino do Distrito Federal. Porém, contribui imensamente para o desenvolvimento global de crianças que necessitam de um acompanhamento especializado desde os primeiros dias de vida. A Educação Precoce é um atendimento preventivo que começa com o encaminhamento do médico pediatra para aquelas crianças que possuem algum tipo de deficiência física ou cognitiva, que nasceram prematuras ou que apresentam algum atraso no desenvolvimento.
Atualmente, todas as Regionais de Ensino do Distrito Federal possuem Educação Precoce, seja nos Centros de Ensino Especial ou nos Jardins de Infância e Centros de Ensino, totalizando 16 unidades com esse tipo de atendimento, que já acontece há 31 anos no Distrito Federal. Todas as crianças de 0 a 3 anos e 11 meses de idade que possuem alguma dessas peculiaridades têm direito ao serviço.
A estimulação é realizada por dois profissionais específicos: o professor de atividades, que vai trabalhar toda a parte cognitiva – no que tange a aquisição de conhecimento – da criança e o de educação física, que estimulará o desenvolvimento motor dos pequenos, visto que não pode haver separação entre o cognitivo e o físico.
Atualmente, todas as unidades da Educação Precoce no Distrito Federal possuem uma estrutura adaptada, ou construída para isso, levando em consideração às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a Educação Precoce. O Distrito Federal é a única unidade da Federação que desenvolve esse trabalho regulamentado e é exemplo para a implementação desse tipo de atendimento especializado em outros estados.
Aproximadamente 2,5 mil crianças são atendidas na rede pública de ensino, o que contribuiu para o desenvolvimento desses pequenos, a fim de que eles possam se integrar com mais facilidade nas turmas regulares quando forem encaminhados para a Educação Infantil, onde possuem vaga garantida após a Educação Precoce. “Percebemos que colocar a criança desde cedo dentro do ambiente escolar faz com que ela esteja mais bem preparada para o convívio com seus pares. Por isso, na Educação Precoce, são estimuladas áreas como a psicomotricidade, a fala, a coordenação motora, o que gera facilidades e ganhos pedagógicos futuros”, explica a diretora de Ensino Especial da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Cláudia Madoz.
Até os primeiros seis meses, as crianças passam por um atendimento intenso e individualizado. Entretanto, segundo Madoz, o trabalho precisa abranger toda a família. Isso porque os pais também necessitam de atenção especial. “Nós temos turmas específicas para os pais, que estão vivendo um período de luto, ou seja, de não aceitação, de não saber lidar com a deficiência do filho e, consequentemente, do sentimento de culpa. Por isso, recebemos esses familiares para acolhê-los, fortalecê-los emocionalmente e ajudá-los na superação dessa etapa. Trabalhamos os conflitos emocionais de forma lúdica e por meio da socialização com outros pais que estão passando pela mesma situação, para que eles conheçam outros casos e entendam que não estão sozinhos”, disse.
Além disso, a importância da participação dos pais gira em torno também do aprendizado, junto aos professores e às crianças, de todos os estímulos que são realizados nas aulas, objetivando dar continuidade ao trabalho físico e cognitivo em casa, tarefa necessária para que o trabalho alcance os objetivos propostos a cada semestre/ano.
A grande diferença entre a estimulação e a educação precoce é que a estimulação é feita por profissionais de saúde, entre eles, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e em ambiente hospitalar. Já a educação precoce, além de trabalhar fisicamente e cognitivamente a criança, promove a inserção dela no ambiente escolar, que é o local onde passará a maior parte da vida.
De acordo com a subsecretária da Subsecretaria de Educação Básica (Subeb), Luciana da Silva Oliveira, no Distrito Federal, o trabalho acontece em conjunto com a área de saúde, visto que os pediatras já conhecem o atendimento realizado pela Educação Precoce e são eles que fazem o encaminhamento após o diagnóstico ou com uma hipótese diagnóstica, para que seja feito o trabalho preventivo. “A estimulação precoce tem muitos benefícios, mas a educação é um diferencial, porque insere a criança e a família no ambiente escolar e isso torna esse caminho muito mais fluido para todos”, ressalta.
A estratégia de matrícula é um pouco diferente da realizada para o ensino regular. Os pais podem solicitar a qualquer tempo a inserção dos filhos da Educação Precoce, basta ter em mãos o encaminhamento do médico pediatra. As turmas são montadas de acordo com as novas solicitações.
O atendimento, após os seis primeiros meses na escola, é realizado em turmas com 6 a 18 crianças e prioriza também a socialização dos estudantes – contato visual, oralização, jogos pedagógicos e até mesmo o momento do lanche. Porém, os alunos são assistidos um a um, individualmente, a cada 45 minutos, com cada um dos profissionais, tudo para que seja estabelecida uma rotina escolar a fim de que os pequenos estejam habituados a esse ambiente ao serem integrados às turmas regulares. Após os três anos de idade – e a realização de avaliações semestrais e anuais – eles são agrupados com colegas de outras turmas para proporcionar essa socialização, que representará a rotina escolar deles pelos próximos anos de vida.
Para o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho, recepcionar essas crianças desde muito cedo, a partir do nascimento, é uma visão contemporânea que traz benefícios futuros dentro da inclusão delas no ensino regular. “Apenas casos muito específicos acabam sendo encaminhados para o atendimento especializado. Nosso grande objetivo é que essas crianças possam ter um convívio com as demais e se desenvolvam para adquirir autonomia em suas próprias vidas”, afirma.
Acompanhe as próximas reportagens sobre o assunto.
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