Estudantes da rede pública participaram da obra de arte Borboletando
Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo
Até o dia 27 deste mês, cerca de 250 alunos com deficiência das escolas públicas do Distrito Federal estão visitando a obra de arte do projeto Borboletando, no Museu de Arte de Brasília (MAB). Nesta quarta-feira (22), foi a vez dos estudantes do Centro de Ensino Especial 01 de Planaltina. Além de visitantes, as crianças, jovens e adultos do ensino especial são também coautores da obra.
O projeto foi desenvolvido ao longo de 22 oficinas ministradas pelo artista plástico italiano Flavio Marzadro e pela ceramista Geusa Joseph. Juntos, eles realizaram oficinas de cerâmica em cinco escolas públicas voltadas para pessoas com deficiência (PcD), em uma ação de acolhimento e diversidade. O resultado foi uma escultura de três metros de altura e mais de mil borboletas de cerâmica que ficará exposta no MAB até 28 de fevereiro de 2024.
“A escultura representa o sonho e a criatividade desses jovens e adultos, as borboletas representam as ideias, a superação e a possibilidade de cada um. E quase ninguém dá essa dignidade e visibilidade para esse grupo de pessoas especiais. E nada mais justo do que trazê-los para o museu para verem a obra de arte que eles ajudaram a construir”, destaca Flavio Marzadro.
A iniciativa contou com o aporte de quase R$ 100 mil do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), que possibilitou a construção de um projeto inclusivo em todas as etapas, desde a construção até a exposição, e os visitantes contam com acessibilidade em libras, audiodescrição, monitores para auxiliar nas dificuldades de locomoção e transporte para levar os participantes ao MAB. A obra oferece recursos de acessibilidade como audiodescrição via QR Code e placa em braile.
“Graças ao FAC conseguimos trazer esse projeto para as escolas públicas do DF, deixar para eles a mensagem que podem também fazer e ter acesso a arte. Precisamos contar com esses recursos para trazer entretenimento e diversificação para as instituições de ensino. Foi uma verba muito importante, sem ela não poderíamos executar o projeto”, destaca a ceramista Geusa Joseph.
As mais de mil borboletas presentes na obra de arte foram confeccionadas por pessoas com deficiências, seja por comorbidades, mobilidade ou neurodivergências. O aluno do CEE 01 de Planaltina Josemar de Lacerda, 54 anos, era um dos mais animados em fazer parte do projeto de arte inclusiva. “Isso é arte, a cultura merece, fiz duas borboletas”, diz o estudante com deficiência intelectual.
Para a coordenadora do ensino especial de Planaltina, Yara Cristina, o projeto foi uma oportunidade para os alunos especiais terem acesso à arte e desenvolverem suas habilidades. “É uma riqueza. Os alunos são discriminados por serem especiais. Não são todos que dão esse amparo e quando eles são convidados a participarem desses momentos ricos que envolvem o pedagógico e a cultura, eles passam a se sentir parte da sociedade, vivos, presentes e amados”, relata.
Coautores da obra estão também os alunos dos Centros de Ensino Especial 01 do Gama, de Planaltina, do Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (Ceal-LP), do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), além da Escola Bilíngue de Taguatinga e do projeto social De Olho no Lance.
Serviço:
Museu de Arte de Brasília (MAB)
SHTN, Trecho 1, Projeto Orla, Polo 3, Lote 5
De quartas a segundas-feiras, das 10h às 19h
*Fechado às terças-feiras