No Dia do Folclore, estudantes mostram como a representação de tradições populares faz a diferença na rotina escolar
Soraia Cantanhede, Ascom/SEEDF
O folclore é um tesouro cultural que se manifesta por meio de histórias, músicas, danças e tradições transmitidas de geração em geração. Para professores da rede pública de ensino do DF, o conjunto de lendas e tradições populares é um aliado na aprendizagem dos estudantes. No Centro de Ensino Especial (CEE) 01 de Taguatinga, por exemplo, a exploração do tema não é apenas uma jornada de aprendizado cultural, mas também uma oportunidade única de desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos.
A unidade é reconhecida por suas diversas apresentações culturais, dentre elas a peça do Boi Bumbá, um personagem do folclore brasileiro menos conhecido que o saci, a Iara ou a mula sem cabeça. Pelo menos no Centro-Oeste, já que o boi é um personagem popular nos estados do Norte e Nordeste.
Na escola, a história do boi branco Pavulagem, o preferido de um rico fazendeiro, é uma forma de auxiliar na aprendizagem dos alunos e é tema de uma oficina pedagógica que conta com cerca de 40 alunos, com idade a partir de 15 anos. A lenda diz que a esposa do fazendeiro, grávida e com desejo de comer língua, ordenou que o boi fosse abatido. Ao descobrir o que havia acontecido, o fazendeiro chamou um pajé indígena, que realizou um ritual de ressurreição e trouxe o boi de volta à vida.
A diretora do CEE 01, Patrícia Mendes, ressalta que a história de Chico, Catirina, o coronel e o boi é encenada por alunos em diversas etapas de aprendizagem e é o momento mais aguardado por eles. “A oficina representa vida para esses estudantes. Eles amam o dia de ensaiar e se vestir com as roupas e fantasias. Para eles, a apresentação do Boi Bumbá representa alegria. Eles adoram fazer isso e se envolvem muito com os personagens. A oficina proporciona a eles uma maneira de se expressar e se comunicar, permitindo que compartilhem seus pensamentos, emoções e experiências” explica.
O grupo trabalha o tema o ano inteiro, não apenas em agosto, quando se celebra o Dia do Folclore. Eles ensaiam todas as terças-feiras e a agenda é bastante movimentada. A próxima apresentação será em setembro, em comemoração aos 50 anos do CEE 01 de Taguatinga. A oficina já fez apresentações em diversos órgãos, como Câmara dos Deputados e Senado Federal, além de outras escolas.
Para Alexandre Morais Marques, estudante do CEM 01 que interpreta o coronel na apresentação, o principal objetivo da peça é fazer as pessoas sorrirem. “A gente exibe muito o nosso teatro e o pessoal gosta bastante. Eu sou um personagem bonzinho (risos), sempre faço a peça com muita alegria. Eu me sinto muito feliz quando o público sorri também” diz.
As 73 escolas públicas do DF de Educação Infantil que participam do programa Eleitor do Futuro, uma parceria da Secretaria de Educação com o Tribunal Superior Eleitoral, também usam o tema folclore para melhorar a aprendizagem.
O programa simula um processo eleitoral como forma de desenvolver a educação política das crianças, tendo como foco o esclarecimento da importância do voto livre e consciente para o fortalecimento das instituições democráticas.
Uma das eleições realizadas, com urnas eletrônicas verdadeiras, é para o presidente do folclore. Estudantes e professores escolhem um dos personagens para representa-los: a Vitória Régia, o Curupira, a Iara/Sereia, o Negrinho do Pastoreio ou o Saci Pererê.
Cada um faz campanha e representa questões sociais como a racionalização da água, a relação do homem com o meio ambiente, o papel da mulher na sociedade, o preconceito às diferenças e a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Estima-se que, desde 2006, quando o foi criado, o programa já contou com a participação de mais de 50 mil crianças.
Ao proporcionar oportunidades para expressão, aprendizado cultural e conexões sociais, temas do folclore brasileiro podem ajudar a enriquecer a jornada educacional dos estudantes, capacitando-os a abraçar suas próprias identidades, se relacionar com os outros e se desenvolver plenamente como indivíduos únicos e valiosos.