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21/11/24 às 10h53 - Atualizado em 21/11/24 às 11h01

África é nós: desfile celebra a cultura afro-brasileira

Evento contou com apresentações culturais, workshops e educação antirracista

Por Bruno Grossi, Ascom/SEEDF

 

Os estudantes Aline Santana e Maxwell Lima descreveram como o projeto “África É Nós” impactou positivamente sua autoestima e valorização da identidade cultural. Foto: Mary Leal.

 

O Colégio Cívico-Militar Centro Educacional (CED) 308 do Recanto das Emas foi palco de uma grande celebração cultural na manhã da última terça-feira (19). O desfile “África É Nós” reuniu estudantes, professores e a comunidade escolar para enaltecer a riqueza da cultura afro-brasileira e reforçar a importância da educação antirracista.

 

A professora Rosane Arthur, uma das organizadoras do evento, explicou como o projeto “África É Nós” se tornou uma ferramenta transformadora para os estudantes do Colégio Cívico-Militar Centro Educacional 308. “Hoje, estamos vendo os resultados do trabalho realizado ao longo do ano, com desfiles que exibem o que os estudantes aprenderam nas oficinas de maquiagem, turbantes e muito mais”, destacou a Rosane.

 

O Colégio Cívico-Militar Centro Educacional 308 do Recanto das Emas foi palco de uma grande celebração cultural, com o desfile “África É Nós”. Foto: Mary Leal

 

Os estudantes brilharam na passarela com produções que exaltam a estética negra: turbantes, penteados elaborados, maquiagens impactantes e trajes vibrantes. Cada detalhe foi preparado durante oficinas realizadas ao longo do ano, que abordaram moda, história afro-brasileira e valorização da identidade negra.

 

O evento trouxe ainda apresentações artísticas de peso. O rapper camaronês Ober237, o cantor e compositor beninense Big Nel e a companhia de dança IN THE HOOD, liderada por Tatiana Assem, empolgaram o público com música e coreografias que exaltaram a ancestralidade africana. Encerrando a programação, a DJ J4K3 garantiu que ninguém ficasse parado.

 

Segundo a professora Rosane, os estudantes foram inseridos em um universo cultural rico e transformador, graças à parceria com a Secretaria de Cultura. “Todos os profissionais envolvidos no projeto – maquiadores, trancistas, fotógrafos – realizaram oficinas para os nossos alunos antes deste grande dia. Isso permitiu que eles vivessem a cultura e se conectassem de maneira única com suas raízes”, completou.

Educação para fortalecer identidades

 

O projeto “África É Nós” começou a ser estruturado no ano passado, quando o CED 308 foi convidado a integrar uma iniciativa maior promovida em parceria com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Desde então, a escola tem desenvolvido ações contínuas de educação antirracista, incluindo palestras, debates e oficinas que desafiam preconceitos e promovem o reconhecimento da história e das conquistas da população negra.

 

Nosso objetivo foi mostrar uma outra perspectiva, apresentando a riqueza cultural e as contribuições de figuras negras bem-sucedidas. Isso os ajudou a construir uma identidade positiva.

Rosane Arthur, professora organizadora do projeto “África é nós”

 

Ao discutir a cultura africana em sala, percebemos que muitos alunos associavam a África apenas à fome e à pobreza. Nosso objetivo foi mostrar uma outra perspectiva, apresentando a riqueza cultural e as contribuições de figuras negras bem-sucedidas. Isso os ajudou a construir uma identidade positiva”, explicou Rosane, organizadora do projeto. Com o desfile desta terça-feira, a escola celebra a culminância de um ano inteiro de trabalho voltado para a valorização da diversidade e o fortalecimento de vínculos culturais.

Engajamento dos estudantes

 

A estudante Aline Santana, de 18 anos, descreveu como o projeto “África É Nós” impactou positivamente sua autoestima e valorização da identidade cultural. “Esse projeto foi muito importante, estudantes negros e pardos. Ensinou muito sobre moda, penteados afros e maquiagem. Como mulher negra, eu me sentia com a autoestima baixa. Nossa sociedade ainda não evoluiu tanto quanto gostaríamos, então aprender sobre a moda e a cultura afro foi transformador para mim e para os outros alunos”, destacou.

 

Depois das oficinas, minha autoestima está renovada. Como mulher negra, me sinto muito mais bonita e confiante.

Aline Santana, estudante

 

Aline também compartilhou as lições que levará para a vida. “Eu sempre gostei de moda, mas aqui aprendi sobre os tecidos originais da cultura afro e técnicas de maquiagem que valorizam o tom de pele. Depois das oficinas, minha autoestima está renovada. Como mulher negra, me sinto muito mais bonita e confiante. Antes, eu não sabia usar os produtos de forma que combinassem comigo, mas agora sei as técnicas certas. Foi uma experiência incrível”, concluiu, emocionada.

 

O estudante Maxwell Lima, de 18 anos, destacou a importância do projeto “África É Nós” para a valorização da cultura negra e suas próprias vivências. “Eu gostei muito de participar, especialmente do desfile. Antes, era raro ver pessoas negras sendo representadas em eventos de moda, mas hoje temos vários exemplos de homens e mulheres negros ganhando espaço. Além disso, aprendi muito sobre tecidos, roupas e maquiagens que trazem a riqueza da cultura afro-brasileira. Foi uma experiência que valorizou nossa origem e identidade”, afirmou.

Parceria com a Secretaria de Cultura

 

René Mapouna, produtor executivo do projeto “África É Nós”, da Secretaria de Cultura, ressaltou o impacto transformador da iniciativa para os estudantes. Foto: Mary Leal

 

René Mapouna, produtor executivo do projeto “África É Nós”, da Secretaria de Cultura, ressaltou o impacto transformador da iniciativa para os estudantes. “O projeto gira em torno da moda afro, com cinco oficinas principais: História da Moda Afro, Passarela, Turbante, Penteado Afro e Moda Periferia. O desfile final, realizado pelos próprios alunos, dá protagonismo aos estudantes negros e promove a valorização da diversidade. Isso eleva a autoestima deles e reforça a importância de trabalhar a identidade afro-brasileira de forma contínua, e não apenas em ações pontuais, como no Dia da Consciência Negra”, explicou René.

 

 

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