Um total de 577 crianças de escolas do Paranoá e Itapoã foram identificadas com problemas na visão
Ícaro Henrique, Ascom/SEEDF
Alunos de 17 escolas públicas do Paranoá e Itapoã tiveram um sábado especial. Cerca de 580 crianças foram atendidas por equipe de oftalmologistas no mutirão de exames do programa “Em Um Piscar dos Olhos”, no Centro de Ensino Fundamental 01, do Paranoá. Além de diagnosticar eventuais problemas de vista, os estudantes tiraram as medidas e escolheram, de graça, a armação dos óculos que vão usar, que serão entregues posteriormente nas escolas a cada aluno.
Entre os dias 20 a 31 de março, os alunos passaram pela triagem do projeto. Os estudantes fizeram a pré-avaliação ocular utilizando o “Spot Vision Screener”, um equipamento portátil capaz de detectar problemas de visão em pacientes a partir dos seis meses de idade. O sistema analisa os dois olhos ao mesmo tempo a uma distância confortável de um metro entre o dispositivo e o paciente. Sua tela sensível ao toque permite uma operação simplificada e fácil gerenciamento de dados do paciente.
A medição leva seis segundos e não exige o dilatamento da pupila. Cerca de 97% dos resultados obtidos são precisos. Pelo menos 2.589 crianças das escolas do Paranoá e Itapoã fizeram essa primeira etapa do exame, que resultou em 577 alunos indicados com algum tipo de problema de visão.
Os alunos identificados com problemas mais comuns na visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, que são as doenças com indicação para uso de óculos, foram atendidos por equipe de consultores ópticos. Os profissionais ajudaram a criançada e responsáveis a escolherem a armação com as medidas necessárias para a produção dos óculos.
Kátia Paiva, mãe da Geovana de 8 anos, conta que a filha usa óculos desde os 2 anos e reclama do preço dos exames. “Todos os anos ela precisa refazer o exame, que é muito caro”, diz. No mutirão, ela foi atendida por equipe de oftalmologistas e pôde escolher de graça uma nova armação.
Kátia, que é professora lembra o quanto as consultas de prevenção são importantes na educação das crianças. “Em sala de aula a gente percebe a necessidade desses exames quando a criança sente dificuldade para enxergar o quadro, reclama de dores de cabeça. Nós conversamos com os pais, mas infelizmente muitos deles não têm condições de pagar uma consulta, por isso esse projeto se faz tão importante não só para o aluno, mas para as famílias também”, finaliza.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Educação, o Instituto Desponta Brasil e o projeto Em um Piscar dos Olhos e a meta á atender cerca de oito mil estudantes. Depois de passar pelas escolas do Paranoá, o projeto vai para o Recanto das Emas e Planaltina. Em 2021, pelo menos 17 unidades escolares do Recanto das Emas e mais de cinco mil crianças foram beneficiadas com exames e óculos de grau.
Para Celhia Ramos, diretora na Subsecretaria de Apoio às Políticas Educacionais (Suape), projetos com foco na saúde dos estudantes contribuem de forma significativa no desempenho escolar. “É muito importante que a Secretaria de Educação promova essas ações. Estamos indo a fundo nessa parceria, visitando as escolas para ver realmente o que precisa ser feito para melhorar o rendimento escolar, subir os números no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e, claro, proporcionar uma atenção maior ao cuidado com a visão dos nossos alunos”, explica. “A nossa ideia é expandir ainda mais essa iniciativa com o máximo de parcerias para dar esse atendimento em mais escolas do DF”, ressalta.
Dados preocupantes
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam algum problema na visão. Tais problemas são responsáveis pela evasão escolar de 22,9% dos estudantes de ensino fundamental no Brasil, sendo que cerca de 80% dessas crianças nunca fizeram um exame oftalmológico. “Em um Piscar de Olhos” foi criado pensando em ajudar a reverter esses números.
O idealizador do programa “Em um Piscar de Olhos”, Leonardo Figueiredo, ressalta que a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira estima que é possível considerar que no Brasil há pelo menos 26 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente.
“Objetivamos reduzir entre 60% e 80% os casos de cegueira de crianças e jovens da rede pública do DF, que serão atendidas no programa com diagnóstico precoce“, revela Figueiredo.
Confira abaixo as regiões administrativas e escolas para receber o Projeto nos próximos meses:
↳ As 12 escolas de Planaltina vão passar pela triagem do projeto, de 10 a 20 de abril, são elas:
↳EC Estância do Pipiripau; EC Rajadinha; EC Aprodarmas; CEF Cerâmicas; Dom Bosco, EC Santos Dumont; EC Monjolo; EC Pedra Fundamental; EC Coperbrás; EC Estância de Planaltina; EC Vale Verde; EC Reino das Flores e EC Eta 44.
↳Seis escolas do Recanto das Emas vão passar pela triagem de 24 de abril a 05 de maio, são elas:
↳Jardim de Infância 603; Centro de Educação Infantil Buritizinho; Centro de Educação Pinheirinho Roxo; Centro de Educação Infantil 304; Centro de Educação Infantil 310 e Escola Classe 803.