No projeto Resgatando Saberes, os professores trabalham para sanar as dificuldades de alunos alfabetizados
Thaís Rohrer, Ascom/SEEDF
Na véspera do Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, a Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal homenageia os educadores ao mostrar exemplos da contribuição desses profissionais na vida dos estudantes. No projeto Resgatando Saberes, iniciativa da Coordenação Regional de Ensino de Samambaia, as ações são voltadas para melhorar a aprendizagem de estudantes do 6º e 7º anos do ensino fundamental que encontram dificuldades no processo de alfabetização.
No Resgatando Saberes o foco é diminuir os pontos de fragilidades na alfabetização dos estudantes dos 6º e 7º anos, já que a maioria desses alunos foi alfabetizada durante a pandemia e agora demonstra alguma dificuldade.
Michelle Camargo, chefe da Unidade Regional de Educação Básica de Samambaia e uma das idealizadoras do projeto, conta que, atualmente, nove dos 10 centros de ensino fundamental da região aderiram ao projeto. Ela explica que, para iniciar o trabalho, os professores fizeram uma avaliação diagnóstica do nível dos estudantes, o que foi fundamental para o sucesso do projeto.
Depois do teste, eles constataram que o maior problema não estava na alfabetização como um todo, mas se concentrava em lacunas no processo de escrita, em questões de letramento especificamente.
A professora Aline Cristina Coelho também é uma das mentes inquietas na busca para que o crescimento dos estudantes seja constante. Ela é pedagoga e participa da equipe da CRE de Samambaia que vai às escolas para fazer o atendimento e acompanhamento dos estudantes. “Depois que verificamos em qual nível de alfabetização o estudante está, apresentamos várias atividades para que ele percorra o caminho escolar com mais facilidade e, consequentemente, tenha uma trajetória de maior sucesso”, conta Aline, que atua como professora desde 1998.
As aulas do projeto propõem momentos de desenvolvimento de habilidades de produção textual, leitura, desenvolvimento da escrita, aprimoramento da pontuação, ampliação do vocabulário, entre outras atividades.
“Eu não gostava de ler muito, mas já percebo que melhorei nisso e na escrita. Meus textos nem sempre tinham as letras maiúsculas no lugar certo e eu escrevia com as palavras coladas umas nas outras. Vejo que estou melhor e os professores também já perceberam”, reflete o estudante Kelvin Ícaro Soares, 14 anos, aluno do 7º ano no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 519 de Samambaia, que participa do projeto.
O colega Marcos Vinícius, 14 anos, está na mesma série e resume o sentimento após o início do Resgatando Saberes. “Me sinto melhor depois desse projeto. Evolui na produção textual”, avalia.
“Nós somos uma das escolas que abraçou o projeto da CRE e já vemos os frutos de evolução dos alunos nesse curto espaço de tempo. O projeto possibilitou o alcance de novas aprendizagens e tem melhorado significativamente o desenvolvimento dos estudantes, inclusive melhorando a autoestima deles. Já temos o feedback dos professores percebendo uma evolução no dia a dia escolar”, frisa Karla Conceição, vice-diretora do CEF 519 de Samambaia.
O projeto
O Resgatando Saberes começou no segundo semestre deste ano após os profissionais da educação perceberem a necessidade de atuar para vencer as dificuldades de letramento depois de passado o período mais crítico da pandemia da covid-19.
As escolas que aderiram ao projeto passam por algumas fases. Na primeira etapa, há o encontro com as equipes gestoras das unidades escolares para explanação do projeto e troca de ideias. Em seguida, os professores de cada escola indicam o grupo de estudantes com necessidade de desenvolvimento de aspectos da alfabetização. Também é feito um teste para verificar o nível de escrita dos alunos indicados.
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A última fase é o atendimento dos estudantes, que ocorre uma vez por semana, no horário da aula. As unidades escolares farão novos testes para verificar a evolução dos estudantes nesse semestre.
“A educação é uma oportunidade de troca e aprendizado. Eu sempre trabalhei com estudantes na fase da adolescência e pude contribuir nesse processo do Resgatando Saberes, mesmo não sendo alfabetizadora”, destaca a professora de química Liliane Furtado. Ela também auxilia nos atendimentos do projeto e atua na rede pública desde 2013.
“Ajudo na parte do desenvolvimento de uma linguagem mais acessível para atingir os alunos dessa faixa etária. Também acho interessante essa possibilidade para nos aprimorarmos como profissionais mesmo. Vejo que o projeto tem dado certo porque realmente os professores e as escolas estão empenhados em fazer o melhor para os estudantes”, ressalta.