Com parceria entre as secretarias de Educação e de Saúde, professores acompanham estudantes em tratamento, evitando que os alunos fiquem com déficit nos estudos
Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes
Educação humanizada para garantir o estudo em dia e dar mais leveza à difícil rotina das crianças em hospitais da rede pública. Assim são as classes hospitalares, parceria da Secretaria de Saúde com a de Educação que disponibiliza professores aos hospitais para acompanhar os estudantes internados.
Atualmente, sete docentes são cedidos para as classes hospitalares: uma professora no Hospital da Região Leste (HRL, antigo Hospital do Paranoá), três no Materno Infantil de Brasília (Hmib). Os hospitais de Base (HBDF) e os regionais de Ceilândia (HRC) e de Sobradinho (HRS) terão uma professora cada.
As secretarias de Saúde e de Educação atuaram juntas durante muitos anos por convênio para manter as Classes Hospitalares. No ano passado, foi assinada a Portaria Conjunta nº 9, que prevê o atendimento educacional hospitalar e a destinação de até 15 professores para atuar onde exista pediatria.
“Queremos alcançar outros hospitais além dos que já têm atendimento, principalmente o Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB). A parceria prevê o envio de professores pedagogos, pois é voltada para crianças matriculadas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental”, destaca a chefe da Unidade de Gestão Articuladora da Educação Básica da Secretaria de Educação, Iêdes Braga.
A portaria prevê atendimento das Classes Hospitalares nos hospitais regionais da Asa Norte (Hran), de Taguatinga (HRT), de Ceilândia (HRC), do Gama (HRG), de Planaltina (HRPl), de Sobradinho (HRS), de Brazlândia (HRBz), de Samambaia (HRSam), além do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hospital da Região Leste (HRL) e Hospital da Criança de Brasília (HCB). O envio de professores é feito de acordo com a demanda à Secretaria de Educação.
Recuperação mais rápida
A supervisora de Enfermagem da Pediatria do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Carmen Belmar Rocha, destaca que as aulas para as crianças internadas fazem toda a diferença. “Elas ficam animadas, mudam o foco por fazer atividades do cotidiano delas. Além disso, reagem melhor ao tratamento, a recuperação é mais rápida”, observa.
A profissional relata que a professora passa atividades de acordo com a idade e a série, bem como faz contato com a escola da criança para que envie os conteúdos pendentes. Além da atividade escolar, há os momentos de atividades pedagógicas com brincadeiras, fantoches, o que torna a rotina no hospital mais leve e humanizada.
“As crianças amam a hora da aula, conversam entre elas, mesmo que de longe. Algumas passam tanto tempo internadas que, quando recebem alta hospitalar, pedem pra comemorar o aniversário aqui dentro com a equipe, a professora e os coleguinhas que seguem internados”, conta Carmen.
Letícia Gontijo é mãe de Pablo Eduardo, 6 anos. Ele ficou internado no Hospital Regional de Ceilândia por um mês e teve todo o acompanhamento escolar feito pela professora da Classe Hospitalar da unidade. “Eu nem sabia que havia esse atendimento para as crianças. Achei ótima a iniciativa, já que ele não ficou prejudicado nas atividades da escola porque era acompanhado de perto. Amava a hora da aula e de brincar”, conta.
Humanização no Hmib
No Hmib, a Classe Hospitalar funciona há mais de quatro décadas. Antes da pandemia, as aulas eram oferecidas em uma sala de aula, repleta de material didático e pedagógico, para deixar as crianças bem à vontade.
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Com o início da pandemia, as aulas foram suspensas por três meses. Quando foram retomadas, o acompanhamento passou a ser nos leitos, de maneira individual, tendo em vista que o Hmib também atende crianças com covid-19. Em um primeiro momento, as três professoras que atuam ali conversam com a criança e com a família para identificar qual é a série do estudante, onde estuda, e planejar a rotina junto à família, respeitando o quadro clínico.
A professora Érika Gomides, também da Classe Hospitalar do Hmib, destaca que o atendimento contribui para o retorno à rede regular de ensino. “O tempo de internação, às vezes, pode ser muito longo. Também há crianças com doenças crônicas, que voltam para internação com frequência. Fazemos um trabalho com a família e a escola para que essa criança não perca o ano e não desista de aprender, mesmo passando por um momento de dificuldade”, diz a educadora.
Maria de Jesus Souza é mãe do Cristian, 8 anos. Ela se surpreendeu com a rapidez das professoras em dar suporte ao filho, internado há uma semana no Hmib. “Achei maravilhoso, pois assim ele não ficará atrasado nem acumulará atividades para fazer quando receber alta.”
Brinquedoteca
No Hospital da Região Leste, a pedagoga Amanda Cruz é quem comanda a Classe Hospitalar. Ela passa nas enfermarias pediátricas e conversa com as famílias para pegar contato das escolas e receber atividades.
“Trabalhamos não só o ensino pedagógico, mas também o lúdico e isso faz com que a criança fique feliz, tirando o foco da dor e do tratamento. As crianças ficam mais contentes, animadas e têm até alta precoce em alguns casos”, observa a professora. As aulas voltarão a ocorrer de maneira coletiva a partir da próxima semana na brinquedoteca do hospital, como era antes da pandemia. Na beira do leito, serão atendidos somente os estudantes com alguma dificuldade de locomoção.
*Com informações da Secretaria de Saúde