Sabe aquela sucata sem utilidade? Na aula de física do CED 123, Samambaia, vira experimento e surpreende os alunos
Ana Carolina Leal | Ascom/SEEDF
Durante as aulas de física, olhar para o quadro negro e ver aquelas fórmulas e cálculos era desesperador para a jovem Gabriela Luna, 18 anos, que concluiu o ensino médio ano passado no Centro de Ensino 123 de Samambaia. Matérias de exatas nunca foram suas favoritas. Até que ela encontrou as aulas do professor Vinicius Marques. O lema “aprendizado só tem efeito quando tem emoção” soprou a seu favor e fez com que a física se tornasse atrativa.
Vinicius percebeu que o interesse pelo conteúdo era maior quando os alunos realizavam experimentos e depois aprendiam a teoria do assunto. “Assim como no método científico. A gente observa o fenômeno e, em seguida, tenta explicá-lo”, compara o professor.
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Não há um roteiro. Os alunos recebem um vídeo de pessoas que já realizaram o experimento e devem reproduzi-lo. Desta forma, segundo o docente, existe uma maior interação dos estudantes. “Eles devem filmar todo o processo, caso estejam realizando em casa, depois apresentam na sala de aula. É muito interessante, afinal podemos acompanhar toda a criação”, ressalta o professor entusiasmado, contando que também tem aprendido com os alunos.
Família trabalha junto
“O melhor de tudo é sentir-se desafiada”, ressalta Gabriela Luna. “A ideia de vivermos na prática tudo que era ensinado foi muito inteligente. Ele conseguiu descomplicar a física”, lembra, agradecendo o professor por todo o conteúdo que foi aplicado durante as aulas. Foi tão proveitoso que a jovem pretende seguir sem medo a carreira médica, onde, quando aprovada no vestibular, passará por um curso cheio de métodos científicos.
Ela lembra que foi uma época muito boa, em que teve a família muito envolvida com os trabalhos escolares. “Todos da minha casa queriam participar dos projetos. Seja buscando vídeos para nos basearmos, como até mesmo ajudando a montar os experimentos. Todos adoravam quando eu chegava com algum desafio novo”, recorda Gabriela.
Laboratório dentro de casa
Experimentos que falharam? Tiveram também. Vinícius não vê problema em dizer que por algumas vezes vidros quebraram, líquidos derramaram, luzes não acenderam e certezas viraram dúvidas, mas, como ele mesmo diz, “precisa ter emoção”. Mais de 120 experimentos foram testados para trabalhar os conteúdos de física dos 1º, 2° e 3° anos do ensino médio.
Ele conta que para realizar os projetos são utilizados materiais de extremo baixo custo, que não tem mais serventia e seriam jogados no lixo. “Quero mostrar para os meus alunos que eles possuem um laboratório de física e química em casa”, observa o professor. E foram estas sucatas que levaram as turmas ministradas por Vinicius a ganharem feiras de ciências e serem destaques em diversas apresentações.
Alex da Silva, 18 nos, também se despediu ano passado das aulas de física do professor, Vinicius. Agora formado, o então estudante conta que jamais imaginaria que álcool, garrafa pet, canudo e corante, pudessem virar um termômetro a álcool, um dos projetos realizados durante as aulas. “Era divertido participar das aulas. Este projeto facilitou nosso aprendizado. Ao chegar em casa corria para assistir filmes e pesquisar sobre o que foi aprendido no dia”, conta Alex.
Expectativas alcançadas
Para analisar se a metodologia de ensino aplicada tem efeito e garante um aprendizado de qualidade aos alunos, o professor realiza um questionário e, estatisticamente, faz os estudos. “Estamos muito satisfeitos com tudo que observamos. Houve uma melhora sim. Com isto, estamos reunindo ideias para sistematizar este trabalho e melhorá-lo ainda mais”, ressalta Vinicius.
Veja aqui o vídeo dos estudantes Ana Beatriz, Sara Sousa, Amanda Ponte e João Pedro, do Centro de Ensino 123 de Samambaia, sobre como confeccionar um termômetro a álcool. Eles explicam a origem do instrumento, finalidade e aprimoramento ao longo dos anos.