Rossana Gasparini, Ascom|SEEDF
Quem vê a organização dos estudantes da Escola Classe 61 de Ceilândia na hora do intervalo se surpreende. As brincadeiras são realizadas ordenadamente, cada uma em um local específico, demarcado pelo mapeamento do pátio do colégio. Assim, ninguém precisa disputar o espaço. Porém, o mais interessante disso tudo é que os próprios estudantes são os responsáveis por toda essa ordem. Eles são os patrulheiros do recreio.
O projeto Patrulha do Recreio começou a partir de outro, desenvolvido anteriormente, que também mudou a realidade da escola. O Vozes da Paz promove assembleias com todos os estudantes para saber o que eles pensam e o que querem melhorar na unidade. Tudo é debatido democraticamente em sala de aula e, depois, os representantes de turma levam os anseios e sugestões para a direção. Foi dessa forma, com o intuito de diminuir os acidentes e as brigas na hora do intervalo, que surgiu o Patrulha do Recreio.
Com colete amarelo e crachá de identificação, Mirella Katwuche Santa, de 8 anos desempenha o papel de patrulheira desde o início do ano passado. Ela conta que antes os colegas corriam muito e acabavam se machucando.
Agora, está bem diferente. “Todo mundo brinca com cuidado e tem muitas brincadeiras novas para gente se divertir”, disse.
Os estudantes podem jogar dama, xadrez, futebol de botão, peteca, basquete, pular corda, brincar de boneca, carrinho e fazer pintura. Todos os brinquedos foram adquiridos pela escola para atender os cerca de 830 alunos, de 6 a 12 anos. Os intervalos têm duração de 15 minutos e contam com pelo menos quatro patrulheiros por turma. Durante o período, aproximadamente 200 crianças se divertem no pátio.
Emilly Sophia, de 10 anos, estudante do 5º ano, conta que a hora do recreio melhorou muito depois do projeto e que todo mundo respeita os patrulheiros. “Quando alguém está fazendo algo errado, a gente pede para parar e eles sempre param”. Mas os patrulheiros não ficam somente como vigilantes, eles também podem brincar com os colegas, o que os envolve ainda mais na atividade proposta.
A supervisora da escola, Fernanda Rodrigues dos Santos, explica que os patrulheiros são escolhidos pelos estudantes em cada sala de aula. Há também um revezamento entre eles, então, todo mundo pode participar. “Com o projeto, a gente conseguiu reduzir os índices de acidentes, brigas e até mesmo de bullying em toda a escola. Também houve um aumento no grau de interação entre os alunos, por causa da proposta dos jogos coletivos, e ainda uma noção maior de pertencimento, pois eles se sentem responsáveis pelos brinquedos e pela escola”, disse.
O projeto é desenvolvido na EC 61 desde 2016 e já faz parte do Projeto Político Pedagógico da unidade. Começou com apenas uma turma participando e agora, envolve todos os estudantes. Para a vice-diretora, Delzanira Maria Monteiro Castelo Branco, os benefícios vão além do índice zero de acidente.
“Eles desenvolveram o senso de responsabilidade, o comprometimento, o prazer de brincar em coletividade e o zelo pelo brinquedo que é deles. Isso tudo se reflete na sala de aula, com melhores comportamentos e desenvolvimento intelectual. Além disso, eles participam de toda a elaboração do projeto, com sugestões e criação de regras, isso faz com que eles se sintam parte e sejam coparticipantes e protagonistas de tudo o que acontece na escola”, afirmou.