Alunos do Distrito Federal produzem publicação sobre direitos humanos e orçamento público. Lançamento ocorreu na última sexta-feira (19), no Centro de Ensino Médio 01 de Sobradinho
Cristiane Delfim, Ascom/SEEDF
Os estudantes da rede pública de ensino foram protagonistas da revista Descolad@s, que teve o lançamento da quinta edição na última sexta-feira (19), no Centro de Ensino Médio 01 de Sobradinho. O evento contou com o apoio da Subsecretaria de Educação Básica da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do DF.
A revista é produzida durante as atividades do projeto “Onda: adolescentes protagonistas”, que existe desde 2010. O principal objetivo é envolver os jovens na discussão sobre direitos e cidadania, promovendo ações para desenvolver a capacidade de atuação da juventude nas questões políticas.
A coordenadora do programa, Márcia Acioli, define o planejamento das atividades como função pedagógica. “Formamos um grupo de estudantes que tem interesse em aprender e debater sobre orçamento público. O nosso debate é coletivo e eles sabem que o direito de um é direito de todos”, destaca.
Até o fechamento da revista, o caminho é longo e cheio de decisões. É que existe um conselho editorial, na qual os alunos definem as matérias que serão desenvolvidas, além das fotografias, diagramações e ilustrações das publicações. O resultado dessas atividades é simples: incentivo a uma profissão.
A estudante do Centro Fundamental 05 do Paranoá, Gabriele Silva, 16 anos, já decidiu qual caminho quer seguir, ainda que essa seja a sua primeira participação no projeto. “Gosto muito do curso de administração, mas quero fazer direito, porque com o programa eu adquiri conhecimento sobre as leis e, agora, sei um pouco dos meus direitos como cidadã,” declara.
A atual publicação conta com temas bem polêmicos, como a redução da idade penal, PEC 215 – que pretende tirar do executivo a responsabilidade pela demarcação das terras indígenas – e a seção “De olho no orçamento”, cujo objetivo é demonstrar a execução orçamentária das ações em prol das crianças e adolescentes. Além disso, a revista traz entrevistas com jovens indígenas, cobertura completa da marcha das mulheres negras e dicas culturais, entre outros.
O esforço e dedicação dos jovens renderam um certificado do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia. Além disso, a revista é utilizada por professores no ambiente escolar, tornando-se referência pedagógica nas unidades escolares do Distrito Federal. Dessa maneira, serão distribuídas 11,5 mil impressões para a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do DF.
O jovem Israel Melo conheceu o projeto no Centro Educacional 04 do Guará. Em princípio, não se interessou pelo programa, mas, como morador da cidade Estrutural, viu uma grande oportunidade de expor os problemas da comunidade, já que o objetivo principal foi participar da revista para aprender sobre as leis.
“Quis conhecer de perto e formar uma opinião sobre determinados assuntos. Saber qual é a estratégia para os orçamentos se torna interessante”, afirma ele, que, já formado na UnB, ainda faz parte da produção da revista e não pretende largar, porque a experiência é para toda a vida. “Na terceira edição, escrevi uma matéria sobre transexualidade. A apuração e o conhecimento com as fontes me marcaram bastante,” relembra.
Embora o programa tenha passado em apenas quatro escolas do Distrito Federal, a ideia é trazer mais estudantes para a produção da revista. A assessora da Subsecretaria de Educação Básica Rita de Cássia atuou como professora de língua portuguesa e apoia essa ação. “Esse é o resultado de um trabalho sério. A criança e o adolescente tem o direito de aprender, saber e ser feliz”, questiona.