O início foi difícil, mas a desistência cedeu à persistência e quase 100% dos estudantes estão no ensino mediado
Nathália Borgo, ASCOM/SEEDF
A pandemia pela qual o mundo atravessa está ressignificando praticamente todas as áreas da vida. O mundo será diferente após a Covid-19. Haverá um antes e um depois. Inclusive para a Educação. Nesta travessia, a rede pública de ensino vem vencendo desafios que sinalizam um futuro com estudantes conectados à escola e professores como influenciadores. O Escola em Casa DF, o principal programa da Secretaria de Educação para vencer estes desafios, já está reunindo os conteúdos produzidos pelos professores em diversas plataformas – como o YouTube, TV e redes sociais, com a finalidade de abrir um leque de possibilidades que despertem os estudantes para este novo mundo.
O mais importante é que os professores estão colocando mãos à obra sem esperar que terceiros solucionem as carências de equipamentos e de conhecimento sobre o uso das novas tecnologias. No CED 11 de Ceilândia, a sala de coordenação se transformou em um estúdio quase completo de gravação. De uma cunhada YouTuber, o diretor Francisco Gadelha, ou Kiko, como é conhecido, tirou a ideia: “Por que não gravar com os professores? ”. Então tratou de colocar o plano em prática. Conseguiu todos os equipamentos emprestados – como iluminação, tripé, microfone, além do uso dos próprios celulares, e iniciaram as primeiras produções. Os jovens estudantes que entendem de tecnologia prestam auxílio fundamental. Com calma, os professores menos habituados aprenderam a usar as novas mídias.
Na última semana, foram realizadas duas produções de Língua Portuguesa com a professora Ana Reulma, para o 1º e o 3º ano do Ensino Médio:
Aula 1 – Língua Portuguesa, 1º ano – Professora Ana Reulma
Aula 1 – Língua Portuguesa, 3º ano – Professora Ana Reulma
“No estúdio improvisado, os professores contam com quadro, pincel e projetor para gravar aulas de até 40 minutos. Nós temos também um aluno que é muito bom em edição. Então, ele grava, edita e já assiste a aula. Depois a gente sobe para o YouTube e para a plataforma Google Sala de Aula”, diz Kiko.
As gravações são individuais, com equipe reduzida, apenas professor, diretor e estudante, para evitar aglomerações. Além disso, Kiko garante a limpeza do local e o acesso com uso de máscaras, retiradas apenas durante a gravação.
Mesmo antes da pandemia, o Google Sala de Aula já era uma ferramenta conhecida pela comunidade escolar do CED 11. Dos 1.800 estudantes do Ensino Médio matutino, vespertino do Fundamental e noturno da Educação de Jovens e Adultos, 80% já estão conectados às tarefas e respondendo aos professores na plataforma. Para facilitar o acesso, o aluno Daniel Dourado, do Ensino Médio, responsável pela edição das videoaulas, produziu também um material explicativo para os colegas, com o passo a passo do Escola em Casa DF.
Como acessar a plataforma de materiais do Escola em Casa DF
“No começo houve resistências, mas fomos ensinando, repassando tutoriais e os professores perceberam o quanto isso poderia funcionar. A dificuldade é maior entre os mais antigos, mas pedimos calma e muitos já conseguem acessar, incluir materiais e interagir na plataforma. São mais de 90 professores na escola e quase todos participantes do programa”, esclarece Kiko.
A colaboração é bem-vinda. O mais importante é a manter uma oferta interessante do ponto de vista dos estudantes. O professor Carlos Oliveira, do colégio Objetivo, uniu forças com a rede pública, ajudando a escola a ofertar pelo Google Sala de Aula o curso de robótica a distância para os estudantes do Fundamental e Médio. São aulas de programação e tecnologia, em atividades de texto e vídeo. Eles ainda fazem programações e jogos pela plataforma Scratch, totalmente gratuita e produzida pelo MIT (Instituto de Tecnologia dos Massachusetts – EUA).
Outros estudantes estão reunidos em dois grupos do WhatsApp por onde recebem informações da escola, dos professores e passam adiante para os demais colegas de turma. Além disso, participam de reuniões quinzenais por videoconferência com os docentes pelo Zoom e na plataforma Meet.
Mesmo para quem não tem acesso, terá atividade. O diretor garante que vai enviar materiais impressos e tarefas para que os estudantes sem internet possam buscar na portaria da escola. Mas, antes, os professores vão fazer um levantamento para descobrir esses alunos por meio dos acessos ao Google sala de aula. “Vamos ligar na casa de cada um e pedir que busque o material na escola em horários diferentes para evitar o contato e a contaminação por coronavírus. Também pensamos em abrir o laboratório da unidade para esses alunos, mas isso ainda está em projeto e vai depender da evolução do cenário em que estamos vivendo”, ressalta Kiko Gadelha.
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