Dados da PDAD 2018 demonstram que é possível implementar educação mediada por tecnologia na rede pública
Rayane Fernandes, Ascom/SEEDF
A Secretaria de Educação lançará nos próximos dias o programa de ensino mediado por tecnologia Escola em Casa DF, para evitar que os estudantes da rede pública tenham perdas educacionais durante a suspensão das aulas, adotada entre as medidas para conter a disseminação da Covid-19. Nos estudos para elaborar o programa, a Secretaria considerou a Pesquisa Distrital por Amostragem de Domicílio (PDAD), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), entre março e outubro de 2018, mostrando que 94% dos estudantes da rede pública têm acesso à internet de alguma forma.
“Se nossos estudantes não podem ir à escola neste momento, levaremos a escola até eles”, afirma o secretário João Pedro Ferraz, acrescentando que há uma série de medidas em curso para que os estudantes concluam o ano letivo 2020: “Estamos trabalhando na oferta de conteúdos em todas as plataformas”. Neste momento, a Secretaria está em negociações para fechar a oferta de pacotes de dados aos estudantes, além de já estar em curso a gravação de teleaulas transmitidas pela TV Justiça para os alunos sem acesso à Internet.
O recesso escolar, antecipado pelo governo por conta da pandemia da Covid-19, está próximo de terminar. A suspensão das aulas foi prorrogada até 31 de maio, por isso, a Secretaria vai implementar aulas mediadas por tecnologia, conforme decisão do Conselho de Educação do DF do último dia 24/3. Os alunos terão aulas virtuais por meio de uma plataforma que poderá ser acessada por computador ou celular. O objetivo é fazer com que todos tenham acesso ao conteúdo e continuem a estudar nesse período.
Daqueles 94% com acesso à Internet apontados pela pesquisa, 68% têm acesso com qualquer tipo de conexão à rede; 284.040 possuem internet com banda larga e 283.919 têm acesso 3G/4G. Os números se sobrepõem, visto que os estudantes podem acessar à Internet das duas maneiras também, ou seja, por banda larga e por 3G/4G.
Naquele momento, a PDAD identificou 82.886 alunos de ensino médio na rede pública. Destes, 79.736 têm acesso à internet com qualquer tipo de conexão, o que representa cerca de 96% do total. Com internet banda larga, foram identificados 61.747 estudantes (74%) e 56.375 alunos com internet 3G/4G (68%). Do ensino fundamental da rede pública, foram identificados na pesquisa 263.142 alunos, sendo que, destes, 243.791 têm acesso a qualquer tipo de conexão com a Internet, o que representa 92% do total identificado. Com banda larga são 173.640 (66%) e com acesso à internet 3G/4G, 177.081 alunos (67%).
A pesquisa representa uma população estimada de 2.881.854 pessoas do Distrito Federal, residentes em 883.509 domicílios urbanos. Com periodicidade bianual, a PDAD acompanha a evolução das condições de vida da população do DF. Investiga aspectos demográficos, migração, condições sociais e econômicas, situações de trabalho e renda, características do domicílio, condições de infraestrutura urbana, entre outras informações, de modo a oferecer um diagnóstico detalhado da situação atual do Distrito Federal.
A estudante do 3º ano do Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia, Maria Eduarda da Silva Oliveira, de 17 anos, avaliou positivamente a iniciativa do governo sobre as aulas virtuais. “Eu gosto da ideia, pois terei tempo para me organizar melhor, sem toda a pressa que ocorre dentro da sala de aula. Não terei que me deslocar até a escola e me sentirei mais confortável”, disse.
Com computador e Internet em casa, ela se preocupa em ficar sem acesso à rede por algum período e se atrasar no conteúdo. Mas entende que a medida é temporária e necessária para que os alunos não fiquem prejudicados. “É uma boa alternativa em resposta à situação que estamos enfrentando, pois a maioria dos meus amigos, familiares e conhecidos possuem internet em casa, logo, todos eles poderão participar das aulas”, disse.