Na semana em que se comemora o Dia dos Pais, a nova paternidade é discutida
Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF
O que é ser homem hoje? Essa definição tem sido objeto de reflexão acerca das masculinidades – isso mesmo, no plural – e tem evoluído para novos conceitos e práticas. Segundo o diretor do Centro de Ensino Médio 111 do Recanto das Emas, Jailson Soares, pai de dois filhos, “a masculinidade clássica, tem sido refutada pela nova geração de homens e sou um exemplo disso”, acredita.
Na infância, o professor de filosofia teve a presença paterna até os três anos. “Meu pai foi um exemplo de masculinidade tóxica. Quando cresci, decidi que faria tudo diferente. Ensino os meus filhos, um rapaz e uma moça, que homem também pode ser vulnerável, pois é um ser humano. Dialogamos, eu os escuto, saímos juntos e também aprendo muito com eles. Minha filha foi fundamental para eu compreender a importância do movimento feminista”, esclarece Jailson.
Para o professor do UniCeub e terapeuta, Lucas Amaral, “a paternidade tem se modificado e pode ser exercida de forma que o pai ensine o filho, explicando que o machismo é ilusório e causa sofrimento para quem o pratica e para quem é vítima dele. Gera isolamento masculino, embotamento emocional e comportamento de risco”, salienta Lucas.
De acordo com o subsecretário de Educação Básica, Helber Vieira, pai de três filhos, a paternidade e o processo educacional são duas faces de uma mesma moeda. “Afeto, expectativas altas na relação com os filhos e acompanhamento do desempenho escolar são fatores fundamentais para o fortalecimento das relações entre pais e filhos e para o desenvolvimento das crianças”, esclarece Helber.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal, por meio da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE), em parceria com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e outros órgãos, tem ofertado cursos que promovem a reflexão sobre o papel do homem como um agente da cultura de paz. Além das formações, no primeiro semestre, as escolas públicas discutiram, durante a Semana de Educação para a Vida, a questão da violência masculina e a importância do protagonismo juvenil para transformar a realidade.
Para Elton Pereira, da Gerência de Planejamento e Descentralização Administrativa e Financeira (GPDAF) da SEEDF, pai de três meninas e um menino, a paternidade tem sido exercida de maneira diferente da adotada pelo pai dele. “Convivi com meu pai até os oito anos, depois ele se tornou ausente. Por isso procurei não ser como ele”, esclarece.
Considerado pelos filhos como um pai presente, Elton não mede esforços para incentivar a convivência familiar e o diálogo. Quando a primogênita entrou na adolescência, foi o primeiro a sugerir a ida ao ginecologista. “Acompanho meus filhos, cobro que estudem, cuido da alimentação, troco fraldas, nunca usei violência para corrigi-los. Ensino que chorar, se alegrar, se frustrar, usar uma camisa cor-de-rosa não torna alguém menos másculo. O mais importante é saber respeitar as diferenças”, enfatiza Elton.
A subversão da lógica da masculinidade hegemônica contribui para as mudanças, porém constitui um desafio. De acordo com Lucas Amaral, “muitos homens rejeitam os estereótipos tradicionais da masculinidade, mas carecem de referenciais saudáveis. O pai é uma grande referência na aprendizagem sobre comportamentos masculinos para um menino e algumas práticas, como o machismo, podem se tornar referencial identitário para os homens. A importância da educação e de contextos masculinos agregadores saudáveis é fundamental para a nova geração”, alerta o professor.
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Serviço
Grupo Homens Essenciais – Vivências Terapêuticas e Roda de Conversa: durante sete encontros quinzenais, são discutidos temas relevantes sobre o universo masculino.
Local: Soma – Cultura de Saúde (SHIGN 708/709 Norte, bloco A, sala 301).