Patrick Selvatti, Ascom/SEEDF
Atletas do CED 2 do Cruzeiro foram desclassificados por um critério técnico, mas seguiu firme até o fim na competição
A etapa nacional dos Jogos Escolares da Juventude, realizada em Natal (RN), apresentou para o Brasil um grande exemplo de garra e determinação acima das adversidades e do sentimento de injustiça. A equipe masculina de vôlei do Distrito Federal – formada por jovens talentos entre 15 e 17 anos do Centro Educacional 2 do Cruzeiro – estava no caminho para uma campanha vitoriosa, mas foi impedida de jogar uma das partidas por conta de menos de dois centímetros na medida do número impresso na camisa de uniforme – uma regra da organização do evento, apresentada no Rio Grande do Norte. Mesmo assim, os meninos brasilienses mostraram que, apesar de sem chance de medalha, vale a máxima do “importante é competir”.
Os nove atletas, que moram em vários pontos do Distrito Federal e Entorno, treinaram duro desde janeiro, quase que diariamente no contraturno escolar, para esta competição. Segundo o técnico Adiel Carvalho, o sentimento de frustração foi inevitável. “O uniforme usado aqui em Natal foi o mesmo da fase regional, realizada em setembro, em Manaus. E voltamos de lá com a medalha de prata. Ficamos sem entender esta exigência tão severa agora”, observa.
Ainda assim, o time não esmoresceu. Ciente de que precisavam conquistar o quinto lugar para garantir o acesso direto à etapa nacional do próximo ano, os atletas seguiram na competição dispostos a vencer os jogos seguintes. E caminharam com louvor até a derrota final para o Ceará.
“Somente os cinco primeiros colocados têm vaga garantida na competição do ano seguinte. Já tínhamos ganhado da Paraíba quando perdemos para São Paulo por w.o., mas seguimos em frente e ganhamos dos donos da casa o direito de disputar a quinta colocação contra os cearenses”, explica o levantador Ney Victor de Sousa, de 17 anos, que, mesmo sabendo que não poderá mais competir em 2019, por conta da idade, manifestou o desejo de oferecer a oportunidade aos colegas mais jovens do time. “Participo dos jogos escolares há seis anos e vejo esta competição como a melhor de todas para quem deseja seguir a carreira esportiva”, garante o rapaz, que já representou o Brasil na França e trouxe de lá uma medalha de prata.
Na ocasião da campanha na Europa, Ney estava matriculado em uma escola particular, mas, para treinar no Centro de Iniciação Desportiva (CID) do Plano Piloto, não pensou duas vezes em se transferir para a rede pública. “O tratamento dado ao estudante-atleta pela Secretaria de Educação não deixa nada a desejar ao da rede privada. Estou muito feliz aqui”, celebra.
Para o ponteiro Pedro Cláudio da Silva, 17 anos, apesar do bloqueio considerado injusto, a organização do evento é muito boa. “É uma competição muito acirrada, os critérios de seleção e classificação são muitos e a nossa participação, por sermos integralmente de escola pública, comprova o nível do esporte na nossa rede”, avalia ele, que é estreante na competição, embora já se prepare há quase cinco anos. “Essa experiência será uma recordação positiva para toda a minha vida”, conta o estudante, que conciliou os treinos para o campeonato com a preparação para o Enem. “Pretendo investir no esporte. Venho de uma família de atletas e o foco principal de quem está aqui é jogar em um grande clube e ter o nome na lista de convocados para as Olimpíadas. Mas vou cursar geografia para ter uma profissão regular”.
Ter perdido a quinta colocação não desanimou a equipe. “Fomos os sextos melhores de doze equipes e vamos treinar duro para garantir a classificação para os nacionais de 2019. Essa equipe é muito evoluída, e tenho certeza que esse empecilho que tivemos por conta do uniforme foi o que nos impediu de trazer uma medalha para casa”.